domingo, 31 de agosto de 2008

Um magnífico dia de Sol

Washington acordou hoje debaixo de um sol magnífico, a luz inundou a cidade, até agora escura e triste. Parece-me mais risonha, mais solta e acolhedora.


Tirei o dia para estudar a cidade e palmilhar o percurso que irei fazer até ao trabalho, na próxima terça-feira, uma vez que amanhã é feriado, o tão celebrado "labour day". Apanhei o metro na “Metro Center Station” e fui até L’Enfant Plaza, onde fica situada a sede da USPS (United States Postal Service). Este centro empresarial deve o seu nome a Pierre L’Enfant, artista e engenheiro francês que se tornou amigo de George Washington e que através dele planificou, em 1791, a cidade de Washington.

O dia solarengo e a temperatura, hoje mais amena, convidaram-me a caminhar pela cidade. Viajei de metro até Rosslyn, na outra margem do rio Potomac, e caminhei, a partir daí, de volta para a cidade; atravessei a Francis Scott Bridge e entrei no coração de Georgetown.

Que cenário deslumbrante. Deixei para trás a Washington monocromática dos edifícios institucionais e dos prédios de apartamentos sofisticados e entrei num mundo de cor, de ritmo, de luz, de sons, de pessoas. Com a imponência da Geortown University ao longe a perscrutar o horizonte, a M Street constitui uma realidade oposta, o consumismo e as diferenças tão características de uma Nova York aqui na institucional Washington.

As casas pequenas e coloridas, a diversidade de lojas e a imensidão de turistas convidaram-me a ficar e acabei a almoçar no “Le pain Quotidien”, um bistrô fantástico e inovador, uma aposta no pão e na comida saudável.





Tenho-me lembrado muito do meu avô, que no início do século passado, mais concretamente, no ano de 1912, rumou à Alemanha, sozinho e com apenas 21 anos de idade, para cursar engenharia na “Ingenieur Akademie” de Wismar. Atravessou o Atlântico e o Mar do Norte aportando em Hamburgo, tornou-se um inveterado escritor de postais que nos têm deliciado, a mim e à Eunice, a imaginar o seu périplo. A minha iniciativa, aqui em Washington, é incomensuravelmente mais pequena e insignificante. As inovações tecnológicas, a própria língua, o desenvolvimento civilizacional e, ao fim e ao cabo, a própria globalização facilitam de forma significativa toda e qualquer iniciativa.




Lembro-me também, constantemente, da minha mãe e do quanto sinto a sua falta, sei que iria apreciar a leitura dos meus registos, e acompanharia sofregamente todas as minhas iniciativas, julgo, aliás, que lhe devo este meu gosto pela escrita, este meu prazer em guardar, este meu interesse em tudo documentar.

As primeiras impressões...

Hoje, dia 30 de Agosto foi, efectivamente, o meu primeiro dia em Washington DC e o início de uma estadia alargada que me permitirá mergulhar no espírito desta cidade, sentir o pulsar dos seus habitantes, inalar a política que transpira pelas ruas e sorver as emoções de uma cultura tão particular.


Washington impressiona-nos pela sua linearidade, pela preocupação com os pormenores, pela grandiosidade dos seus edifícios, pelo verde que tentacularmente abraça a cidade. A entrada no coração desta metrópole ajuda-nos a confirmar que esta é efectivamente a capital dos Estados Unidos, enquanto Nova York será a capital do mundo ocidental, esta é a cidade da Constituição, enquanto Nova York será a cidade da “anarquia”, esta é a cidade dos contrastes, enquanto Nova York será a cidade das diferenças.


Infelizmente, esta primeira impressão de grandiosidade, de civilidade, de rigor vai-se descolorindo ao longo do dia e assumindo uma coloração mais carregada, mais pegajosa, tal como a humidade asfixiante que aqui se faz sentir. Importa referir, em abono da verdade, que o meu primeiro cicerone foi um taxista natural dos Urais, o que ajuda bastante para a visão aditivada que formei.



O Washington Post de hoje revela-nos a escolha de McCain para a Vice-presidência: Sarah Palin Governadora do Alasca, mulher, desconhecida, com reduzida experiência e decididamente afastada dos centros de influência republicana em DC. É curioso como esta decisão inesperada pode ter decidido a escolha do próximo Presidente dos Estados Unidos.
É com profundo pesar que observo a perigosa necessidade de associar os candidatos a grupos minoritários, minorias étnicas e minorias sexuais, por oposição a uma preocupação com a qualidade, a eficiência, o profissionalismo, a sabedoria. Reconheço que me preocupa esta deriva “minoritária” não por ser contra a defesa dos direitos das minorias mas pela carga de injustiça que parece acarretar.

sábado, 30 de agosto de 2008

A razão das coisas

Este blog surgiu da inalienável vontade de partilhar ideias, experiências e emoções, é o resultado vivo de uma viagem marcante ao berço da democracia. É também uma referência ao meu companheiro de tropelias o meu amigo inseparável, o meu retriever de labrador, Gaspar. É, finalmente, uma tentativa de acompanhar o trabalho brilhante da minha mulher através do seu blog Lusografias.