terça-feira, 27 de abril de 2010

Ovos e Tomates!!

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Hoje durante a manhã ocorreu um episódio hilariante, se não fosse penoso para a democracia e para estado de direito. O parlamento da Ucrânia e a nova maioria do recém-eleito presidente Viktor Yanukovich aprovaram uma medida que provocou uma acesa polémica.
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Em causa estava a decisão de prolongar a cedência de uma base militar ucraniana, no mar Negro, à Rússia, até 2042. A proposta foi aprovada pelos deputados da coligação maioritária de Yanukovich e a oposição não encontrou melhor forma de protestar; bombas de fumo, ovos e tomates serviram de arma de arremesso para os protestos que tiveram o seu ponto alto nas cenas de pugilato entre deputados.



São conhecidas as relações atribuladas entre a Ucrânia e a Rússia, e as constantes tentativas de controlo por parte de Moscovo, que ainda não se habituou a este novo concerto de forças na região e sobretudo ainda não foi capaz de perceber que a Ucrânia é uma país autónomo, independente e com governo próprio.


É certo que a contrapartida desta decisão é a redução em 30% do preço do gás russo e, nos dias que correm, toda a poupança deve ser bem vinda. Mas com o gás mais barato continuará a frota russa que agora poderá permanecer, tranquilamente, mais 25 anos do que o previsto. A independência também tem um preço...
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Não me surpreenderia que, da forma como se encontra o país, uma cena como esta venha a ocorrer no nosso parlamento, mais cedo ou mais tarde. A situação social agrava-se cada dia e o estado das finanças começa a ser crítico; as taxas de juro dispararam, a credibilidade externa do país é péssima, o desemprego não pára de aumentar e a economia jaz inerte e amorfa até ao suspiro final. No entretanto, continuamos com as comissões de inquérito e o desfile de mentirosos e aldrabões que por lá vão passando. As inaugurações mais sinistras continuam a servir para embandeirar em arco e o país parece estar imobilizado no meio de uma linha de alta velocidade à espera que passe o próximo TGV para o trucidar por completo.
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Triste fado o nosso; estarmos condenados à mediocridade, à insignificância, à irrelevância e à incompetência.

sábado, 24 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro

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Ontem festejou-se o dia mundial do livro. A este propósito deixo algumas ilustrações de Gérard Dubois. Ilustrador e grafista, Dubois é de origem francesa e vive actualmente no Canadá. A partir daí tem desenvolvido uma carreira prestigiada na área do grafismo e da ilustração para revistas e jornais; o New York Times, o Wall Street Journal, Time, Newsweek, GQ, Rolling Stone, The New Yorker, Playboy; Le Monde, The Guardian, são algumas das publicações com quem tem colaborado. O seu trabalho tem aparecido também em muitos livros infantis.
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“A little library, growing larger every year, is an honourable part of a man's history. It is a man's duty to have books. A library is not a luxury, but one of the necessaries of life.” Henry Ward Beecher (Teólogo Americano)
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sexta-feira, 23 de abril de 2010

"Big Havana" – A Esquerda no Seu Melhor!

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A propósito do momento actual e quando o papel do estado é questionado e se fala em desestatizar e desgovernamentalizar, Cuba decidiu encetar um programa “arrojado” de privatizações. Banida desde 1969, a propriedade privada dos meios de produção parece querer voltar.
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A este propósito deixo um texto do blog escrito pelo brasileiro Alex Castro - Liberal, Libertário, Libertino que nos dá uma visão no mínimo curiosa sobre esta questão. É sempre interessante conhecer opiniões e pontos de vista diferentes, é por esta via que evoluímos e clarificamos as nossas próprias concepções, mas aparecem, por vezes, posições que nos deixam embasbacados.

Resta-me perguntar. Para quando uma visita da nossa equipa diplomática e governamental a Cuba? Tenho a certeza que o nosso Primeiro adoraria fazer o seu jogging matinal nas avenidas de Havana!
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“A propriedade privada dos meios de produção, proibida desde 1969, está voltando. Hoje, cubanos já podem vender sua força de trabalho dos seguintes modos: fazer seu carro de lotada; alugar quartos para estrangeiros; transformar sua sala de estar em um pequeno restaurante.

O setor de serviços ainda é um monopólio estatal. Um cubano não pode, por exemplo, vender sua força de trabalho como encanador, empregado doméstico, carpinteiro, etc.
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Enfim, na nova etapa da abertura que vem sendo realizada pelo presidente Raul Castro, o governo acabou de privatizar grande parte das barbearias e cabelereiros do país. Antes, todos esses estabelecimentos pertenciam ao governo, que pagavam salário aos funcionários. Agora, os estabelecimentos serão dados aos funcionários, que em troca terão que pagar aluguel e impostos - não imposto de renda, mas um imposto adicional para o negócio poder funcionar.


Parece tudo muito lindo e livre e coisa e tal, mas fico pensando. Quantos desses salões e barbearias eram de fato rentáveis em uma economia estagnada como a cubana?

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O governo, na prática, está deixando de ter uma saída (os salários dos funcionários) em troca de duas novas entradas (o aluguel e os impostos) e, ao mesmo tempo, repassando o risco totalmente para os cidadãos.

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O funcionário, por outro lado, que está há 50 anos protegido e insulado das realidades do mercado, qe não deve ter um único osso capitalista no corpo, completamente acostumado ao salário certo todo mês, acabou de ser jogado nas incertezas do mercado: se a barbearia não arrecadar o suficiente para pagar o aluguel e os impostos, ele vai viver do quê? Existe plano pra isso? Os funcionários estão preparados para essa mudança? Foram treinados e educados em como gerir um negócio por conta própria?
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Prevejo, para breve, muitas falências de barbearias em Cuba”.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Rizzi e Fazzino

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Rizzi e Fazzino são dois dos mais populares artistas de Nova York. As suas obras encontram-se em todas as galerias, desde as terrenas, próximas do turista e do leigo, até às mais requintadas e distantes, só acessíveis aos mais abonados. Eles introduziram um novo conceito, a pintura e o desenho tridimensional, muito colorido e animado, uma espécie de banda desenhada bastante mais elaborada.
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Aprecio particularmente a obra de James Rizzi, encontro nela algumas semelhanças com as cores e os desenhos de Keith Hering que me fascinam e sobre quem escreverei em breve.



James Rizzi nasceu em Brooklyn e vive actualmente em Nova York. Nas suas obras este aspecto é claramente evidente; variados desenhos e representações associadas à cidade, aos seus rituais e costumes, por isso mesmo, Rizzi é considerado um artista "urban primitive"; o assunto principal das suas obras é a celebração da cidade e da sua feliz infância. Segundo reza a sua biografia, em 1974, Rizzi conheceu casualmente, na “Greenwich Village Art Fair”, o escultor de renome internacional, Chaim Gross, que tinha uma relação familiar com Red Grooms, o famoso artista americano de “pop art”. Red Grooms é o verdadeiro “multimedia artist”; apesar de ter nascido em 1937, ficou conhecido pelas suas instalações coloridas de “pop-art” retratando cenas frenéticas da vida urbana actual. Rizzi foi muito influenciado por ele e beneficiou também da sua influência e dos seus conhecimentos no mundo da arte.
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Actualmente, James Rizzi é um artista reconhecido e apreciado internacionalmente - a sua fama na Alemanha constitui um bom exemplo. Os seus trabalhos e a sua matriz têm-se vindo a alargar a várias áreas, é habitual encontrarmos aviões, automóveis e prédios inteiros, decorados com os seus desenhos. Mais recentemente, foi o primeiro artista estrangeiro convidado pelo governo alemão, para desenhar uma colecção de selos.
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Quanto a Charles Fazzino, as suas obras, em tons mais carregados e profusamente decoradas, por vezes até com adereços externos como cristais, transmitem uma maior artificialidade e um ar excessivamente kitsch, com o qual não simpatizo particularmente. Apesar desta opinião pessoal, as suas obras são igualmente reconhecidas internacionalmente e encontram-se representadas nas melhores galerias de arte do mundo. Filho de emigrantes com veia artística, cedo incorporou os mesmos valores e um apurado sentido estético, bem patente em muitas das suas obras.
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Fazzino é também um inovador e um criativo, sendo notória uma certa disputa com Rizzi pelo protagonismo e pelo mediatismo. Também ele foi um criador da representação tridimensional e é procurado pela exclusividade da sua “silkscreen serigraphs collection”. Aprendeu esta técnica em 1980 quando participava numa feira de arte na Florida e rapidamente a adaptou à sua produção artística, tendo realizado a sua primeira exposição com obras em 3D no “Greenwich Village Art Show” de Nova York, em 1980.

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Rizzi e Fazzino são dois representantes de uma geração de artistas urbanos americanos e as suas obras encontram-se indissociavelmente ligadas a Nova York. Pertencem também a um grupo de artistas seguidores da “pop-art” americana que tem em Andy Wharhol, Keith Hering e Roy Lichenstein os seus principais representantes.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Centenário de Mark Twain

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Celebram-se hoje cem anos sobre o desaparecimento do escritor Mark Twain. Através das suas obras influenciou e influencia milhões de crianças e adultos um pouco por todo o mundo. As personagens que criou, Tom Sawyer e Huckleberry Finn, fazem parte do meu imaginário e ainda hoje me delicio a assistir às aventuras animadas de Tom Sawyer.
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A obra de Mark Twain é reconhecida e valorizada transversalmente. William Faulkner classificou-o como o pai da literatura americana e Ernest Hemingway escreveu que toda a literatura americana adveio do livro de Twain – As Aventuras de Huckleberry Finn. Segundo ele: “Não havia nada antes. Não houve nada tão bom desde então”. Esta sua obra é mesmo considerada como “the Great American Novel”.

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Mark Twain foi um escritor e humorista americano que nasceu na Florida, mas que cedo se mudou com a família para a cidade portuária de Hannibal, no Missouri. Seria aí que Twain iria encontrar inspiração para muitas das suas obras. Situada num local privilegiado, Hannibal era um importante porto do rio Mississípi, e fazia parte de uma rota comercial onde os grandes barcos a vapor constituíam os principais meios de comunicação; transportando pessoas e mercadorias até Saint Louis. St. Petersburg, nas “Aventuras de Tom Sawyer e Huckleberry Finn”, constitui um decalque de Hannibal e, apesar de ficcionadas, as histórias de Tom e de Huck são também o resultado das experiências e da vivência do próprio Mark Twain. Tom Sawyer tem um pouco de Twain, mas também de John Briggs e de Will Bowen, amigos de infância, e Huckleberry Finn foi criado a pensar em Tom Blankenship, comparsa de tropelias de Twain.


Mark Twain tinha uma capacidade imensa de nos transportar para os cenários dos seus livros. A riqueza das suas histórias, o humor da sua prosa e a criatividade dos seus textos são decisivos para que nos apaixonemos pelas suas obras.

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Segundo referiu hoje Ana Maria Magalhães, “Eram livros que tinham um poder forte de atracção, de encantamento e de nos levarem para um mundo que não era o nosso. E essa é a arte que mais distingue um bom escritor. Estando eu, nos anos 50, a viver em Lisboa, conseguia perfeitamente descer o Mississípi com aquelas histórias”.

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Mark Twain morreu com 74 anos e deixou mais de 30 livros publicados, centenas de contos e ensaios. Ele escreveu, em 1909, "Eu cheguei com o Cometa Halley em 1835. Ele vai voltar no ano que vem, e eu espero que me leve com ele". O cometa pode ser visto nos céus a cada 75-76 anos. Estava visível em 30 de Novembro de 1835, quando Twain nasceu, e também em 21 de Abril de 1910, quando ele morreu.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Começa a ser humilhante!!

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A situação económica e financeira de Portugal e dos restantes PIGS começa a tornar-se vexatória. Depois da fase inicial em que a Grécia foi criticada, enxovalhada e ameaçada, com razão aliás, fruto das suas políticas irresponsáveis e megalómanas, sem controlo de custos e nenhuma preocupação com o endividamento - a Grécia pediu ontem, pela primeira vez em termos formais, ajuda financeira à União Europeia e ao FMI. Começa a chegar a vez de Portugal passar por esta provação e os portugueses por uma humilhação semelhante. Não ficaria surpreendido se surgissem sugestões para que Portugal vendesse as suas ilhas atlânticas, como aconteceu com a Grécia. Julgo aliás que não seria má ideia vender os Açores aos Americanos!
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Hoje de manhã, numa intervenção na abertura do seminário económico, o chefe de Estado da República Checa, Václav Klaus, abordou a questão do défice, reconhecendo que os checos estão muito insatisfeitos pelo défice de cinco por cento que o país registou no ano passado. "Por isso, fiquei muito surpreendido por Portugal não estar nervoso com o seu défice de oito por cento. Isso é muito interessante", acrescentou Václav Klaus, tendo a seu lado o Presidente da República português, Cavaco Silva, que está a realizar uma visita de Estado à República Checa. (ver video aqui)


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Preocupante e Aterrador

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O New York Times publicou hoje um artigo demolidor para Portugal e para a economia portuguesa. O artigo foi escrito por dois prestigiados economistas com responsabilidades e curriculum inquestionáveis. Peter Boone é associado do “Center for Economic Performance da London School of Economics” e Simon Johnson antigo “Chief Economist do FMI”.
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Deixo alguns excertos deste artigo e proximamente escreverei sobre este que é hoje o tema mais marcante para Portugal. Aconselho vivamente a leitura deste artigo:
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“Next on the radar will be Portugal. This nation has largely missed the spotlight, if only because Greece spiraled downward. But both are economically on the verge of bankruptcy, and they each look far riskier than Argentina did back in 2001 when it succumbed to default.
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Portugal spent too much over the last several years, building its debt up to 78 percent of G.D.P. at the end of 2009 (compared with Greece’s 114 percent of G.D.P. and Argentina’s 62 percent of G.D.P. at default). The debt has been largely financed by foreigners, and as with Greece, the country has not paid interest outright, but instead refinances its interest payments each year by issuing new debt. By 2012 Portugal’s debt-to-G.D.P. ratio should reach 108 percent of G.D.P. if the country meets its planned budget deficit targets. At some point financial markets will simply refuse to finance this Ponzi game.


The main problem that Portugal faces, like Greece, Ireland and Spain, is that it is stuck with a highly overvalued exchange rate when it is in need of far-reaching fiscal adjustment.

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For example, just to keep its debt stock constant and pay annual interest on debt at an optimistic 5 percent interest rate, the country would need to run a primary surplus of 5.4 percent of G.D.P. by 2012. With a planned primary deficit of 5.2 percent of G.D.P. this year (i.e., a budget surplus, excluding interest payments), it needs roughly 10 percent of G.D.P. in fiscal tightening.

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It is nearly impossible to do this in a fixed exchange-rate regime — i.e., the euro zone — without vast unemployment. The government can expect several years of high unemployment and tough politics, even if it is to extract itself from this mess.

Neither Greek nor Portuguese political leaders are prepared to make the needed cuts”.
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“The Portuguese are not even discussing serious cuts. In their 2010 budget, they plan a budget deficit of 8.3 percent of G.D.P., roughly equal to the 2009 budget deficit (9.4 percent). They are waiting and hoping that they may grow out of this mess — but such growth could come only from an amazing global economic boom”.


“So what next for Portugal”?

“Pity the serious Portuguese politician who argues that fiscal probity calls for early belt-tightening. The European Union, the European Central Bank and the Greeks have all proven that the euro zone nations have no threshold for pain, and European Union money will be there for anyone who wants it. The Portuguese politicians can do nothing but wait for the situation to get worse, and then demand their bailout package, too. No doubt Greece will be back next year for more. And the nations that “foolishly” already started their austerity, such as Ireland and Italy, must surely be wondering whether they too should take the less austere path”.
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A reacção de Portugal através do Ministério das Finanças foi no mínimo surpreendente, se é que hoje há ainda alguma coisa que nos surpreenda. Teixeira dos Santos considerou que os especialistas ”revelam desconhecimento da realidade dos países da União Europeia”.

Doze Semanas de Massacre

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Assinalam-se durante o corrente mês dezasseis anos sobre o inqualificável massacre do Ruanda. Estima-se que foram mortas cerca de um milhão de pessoas, sendo que o maior número pertencia à minoria étnica Tutsi, em actos de violência praticados pela maioria Hutu que governava o país.
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O genocídio ruandês é seguramente um dos piores eventos na história da humanidade e ensombra a reputação de isenção e defesa dos direitos humanos de muitos países e organizações com responsabilidades inequívocas nesta tragédia. (deixo as fotografias de Sebastião Salgado)


Os ataques começaram nos primeiros dias de Abril de 1994, quando o presidente hutu Habyarimana foi morto após a explosão do seu avião. Imediatamente a autoria do atentado recaiu sobre os Tutsis. A matança iniciou-se na mesma noite e, durante apenas 12 semanas, milhares de pessoas seriam brutalmente chacinadas à catanada e à marretada.


“Na tentativa de encontrar no passado alguma resposta que possa elucidar esse conflito entre as etnias, o jornalista francês Jean Hatzfeld, autor do livro “Uma temporada de facões”, alerta para a revolução popular de 1959 que resultou na independência do país em 1962. Foi uma revolta camponesa Hutu que derrubou a aristocracia Tutsi e aboliu a servidão. Os líderes dessa insurreição aproveitaram a situação para marginalizar a comunidade Tutsi, formada por camponeses, funcionários e professores. Sob o domínio dos Hutus, os Tutsis passaram a ser apontados como pérfidos e parasitas num país superpovoado. Em 1973, com o golpe do major Juvénal Habyarimana, a autonomia de administração Hutu consolidou-se e gerou bastante desconforto à população Tutsi. Ficou instituído o confisco de bens, o deslocamento da população, a fim de isolar o inimigo, além de ter sido aprovada uma lei de proibição de casamentos mistos entre as duas etnias”.
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A hecatombe de 1994 deve ser lembrada, estudada, analisada, discutida, porque contém um grande número de lições que nos ajudam a entender melhor nosso tempo. Os massacres de 1994 não são fruto de uma explosão de loucura colectiva, mas a máxima expressão de um ódio muito antigo.


A este propósito tive oportunidade de recentemente assistir a um dos mais impressionantes filmes dos últimos tempos - “Shooting Dogs”. Este extraordinário filme de Michael Caton-Jones retrata, à semelhança de “Hotel Ruanda”, os trágicos acontecimentos ocorridos. Relata uma história verídica baseada na experiência do produtor da BBC David Belton que se encontrava no Ruanda aquando do genocídio.


A “École Technique Officielle” (ETO) gerida há 10 anos pelo Padre Christopher é o cenário escolhido por Jones para este filme. Joe Connor é um jovem professor deslumbrado e sonhador, imbuído de um forte espírito humanitário que julga fazer a diferença.


Quando se inicia o massacre, devidamente planeado e preparado, rapidamente a escola, que também alberga forças de manutenção de paz da ONU, se torna um refúgio para os Tutsis. Temos assim oportunidade de ver e sentir a ansiedade, o medo e o horror que viveram aqueles que lá se encontravam. Assistimos ao desespero de Joe Connor, à força da crença do padre Christopher e à forma como ambos lutaram, não só contra os Hutus, que cercavam a escola dia e noite, mas também contra a ONU, que se recusava a prestar auxílio ao povo Tutsi.


“Baseado numa história verídica mas com personagens ficcionais, “Shooting Dogs” equilibra bem os eventos reais - foi filmado nos verdadeiros locais e com muitos sobreviventes desta tragédia como figurantes e técnicos - e o drama de um padre católico cuja fé é posta à prova pela hipocrisia dos políticos Hutu e por toda aquela carnificina; de um dedicado professor que procura em si a coragem de ficar e lutar ao lado dos seus alunos; e de um oficial da ONU, o Capitão Charles Delon, impedido de interferir no conflito, ironicamente limitado a matar os cães que comem os cadáveres que cercam a escola para prevenir um risco de saúde pública”.


É um filme que marca e revolta, que surpreende e assombra. Enquanto os acontecimentos se sucedem, assistimos à indiferença e à apatia internacional.
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“De uma forma honesta e pungente, “Shooting Dogs” faz um retrato tocante sobre a humanidade e sobre a assustadora capacidade do homem de infligir, por puro medo, a maior das crueldades sobre o seu irmão”.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Julia Breckenreid – Os Ilustradores

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Tem sido recorrente neste espaço a referência a autores, criadores e artistas. Hoje, refiro-me ao trabalho dos ilustradores, que são tantas vezes esquecidos e menosprezados, mas que desenvolvem obras relevantes e necessárias, cuja ausência tornaria a nossa envolvente muito mais cinzenta e desinteressante.
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Os ilustradores são profissionais que utilizam o desenho e outros recursos para expressar graficamente uma ideia. São responsáveis pela ilustração de livros, jornais, revistas onde são publicadas as suas caricaturas, desenhos, cartoons, cartazes, banda desenhada, publicidade, entre outras opções.
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Julia Breckenreid é uma ilustradora da nova geração. Vive e trabalha no Canadá, lecciona no Sheridan College e utiliza o site www.tutormill.com para ensinar todos aqueles que se interessam pelo tema da ilustração. Na realidade, este conceito inovador apoia-se no chamado “online mentoring” em que o aluno escolhe dois professores que o apoiarão com o objectivo de o ajudar a aperfeiçoar e a complementar as suas capacidades.
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Aprecio alguns dos seus trabalhos, gosto das cores, dos contrastes e da originalidade. Aprecio particularmente o trabalho abaixo, que publicou no Washington Post, intitulado “The Top 100 Paperbacks for Summer Reading” e que suscitou o meu interesse e a descoberta do seu acervo.
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