Tirei o dia para estudar a cidade e palmilhar o percurso que irei fazer até ao trabalho, na próxima terça-feira, uma vez que amanhã é feriado, o tão celebrado "labour day". Apanhei o metro na “Metro Center Station” e fui até L’Enfant Plaza, onde fica situada a sede da USPS (United States Postal Service). Este centro empresarial deve o seu nome a Pierre L’Enfant, artista e engenheiro francês que se tornou amigo de George Washington e que através dele planificou, em 1791, a cidade de Washington.
O dia solarengo e a temperatura, hoje mais amena, convidaram-me a caminhar pela cidade. Viajei de metro até Rosslyn, na outra margem do rio Potomac, e caminhei, a partir daí, de volta para a cidade; atravessei a Francis Scott Bridge e entrei no coração de Georgetown.
Que cenário deslumbrante. Deixei para trás a Washington monocromática dos edifícios institucionais e dos prédios de apartamentos sofisticados e entrei num mundo de cor, de ritmo, de luz, de sons, de pessoas. Com a imponência da Geortown University ao longe a perscrutar o horizonte, a M Street constitui uma realidade oposta, o consumismo e as diferenças tão características de uma Nova York aqui na institucional Washington.
As casas pequenas e coloridas, a diversidade de lojas e a imensidão de turistas convidaram-me a ficar e acabei a almoçar no “Le pain Quotidien”, um bistrô fantástico e inovador, uma aposta no pão e na comida saudável.
Tenho-me lembrado muito do meu avô, que no início do século passado, mais concretamente, no ano de 1912, rumou à Alemanha, sozinho e com apenas 21 anos de idade, para cursar engenharia na “Ingenieur Akademie” de Wismar. Atravessou o Atlântico e o Mar do Norte aportando em Hamburgo, tornou-se um inveterado escritor de postais que nos têm deliciado, a mim e à Eunice, a imaginar o seu périplo. A minha iniciativa, aqui em Washington, é incomensuravelmente mais pequena e insignificante. As inovações tecnológicas, a própria língua, o desenvolvimento civilizacional e, ao fim e ao cabo, a própria globalização facilitam de forma significativa toda e qualquer iniciativa.
Lembro-me também, constantemente, da minha mãe e do quanto sinto a sua falta, sei que iria apreciar a leitura dos meus registos, e acompanharia sofregamente todas as minhas iniciativas, julgo, aliás, que lhe devo este meu gosto pela escrita, este meu prazer em guardar, este meu interesse em tudo documentar.
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