terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Guarda Roupa da Sra. Palin

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A uma semana das eleições o tema dominante dos noticiários e dos jornais é mais uma vez a Sra. Palin. Desta vez os gastos exorbitantes com o guarda roupa para a campanha, 150 mil dólares desde que iniciou a sua inesquecível aventura presidencial.

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Antes tivemos a inefável Sra. Palin sem saber responder a Katie Couric sobre quais os jornais que costumava ler. Depois foram os gastos com as viagens da família pagos pelo orçamento do estado do Alaska. Depois tivemos as acusações de abuso de poder na demissão do ex-cunhado e assistimos ao exercício confrangedor de auto-elogio e auto promoção resultantes da proximidade geográfica do Alasca com a Rússia, basicamente a Sra. Palin conseguia avistar a Rússia do seu quintal e por essa razão adquiria, automaticamente, competências acrescidas em termos de gestão e politica internacional.

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Mas a Sra. Palin é uma mulher corajosa e não teme o ridículo, enfrenta as multidões, é popularucha, desce às chamadas bases e confunde-se com estas, a sua preocupação é dizer-lhes o que eles querem ouvir; sem substância, sem conteúdo, sem interesse e de preferência em perfeita histeria. A Sra. Palin faz-nos lembrar alguns dos nossos políticos, não se afasta muito de um Narciso Miranda, naquela proximidade para com as bases, ou de um Luís Filipe Menezes na verborreia disparatada ou até de um Santana Lopes naquela incapacidade para perceber onde termina o ridículo e começa a responsabilidade.

Depois recorre frequentemente ao uso de um discurso acusatório e desproporcionado sobre Obama; considerado terrorista, socialista e manipulador de recenseamentos eleitorais. A Sra. Palin desdobra-se em aparições, galvaniza o público e todos os Joe’s deste país criados por ela. A acusação mais recente vai para a falta de sintonia com McCain e a falta de vontade de seguir regras e indicações dos estrategas da campanha. A Sra. Palin acha-se, definitivamente imbatível, vestiu de tal forma a roupagem de politica destemida, de salvadora do humor republicano que se sente com legitimidade para ter objectivos a solo e uma agenda pessoal do tamanho da sua ambição

Se inicialmente funcionou como uma aposta na novidade, na juventude e no facto de ser mulher, tem-se vindo a revelar um empecilho constrangedor e até humilhante para a campanha McCain. Ela consegue de facto, reunir multidões e cativar eleitorado, aqueles que se identificam com ela, os que apreciam a sua beleza, os conservadores indefectíveis, os quadradões da ruralidade americana, enfim uma América profunda, tão profunda que não tem capacidade para ver além do buraco onde está metida.

Apesar de tudo a Sra. Palin não tem culpa, ela é mesmo assim, genuína, pretensiosa, ridícula e inconsequente. Mas de McCain esperava-se mais, muito mais, um experiente e corajoso senador, várias vezes condecorado, herói de guerra e profundo conhecedor da politica internacional. McCain foi castigado pelo seu espírito eleitoralista, por ter colocado os interesses do seu partido acima dos interesses do país, por subestimar os americanos e, acredito, por desconhecer as verdadeiras qualidades da Sra. Palin. Um politico que falha desta forma tão arrasadora não merece vir a ser Presidente de um país com a importância, a dimensão e o alcance dos Estados Unidos.

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