Washington, nesta altura do ano, está repleta de esquilos, castanhos escuros, castanhos mais claros, cinzentos e pretos, os mais raros. É frequente depararmo-nos com esquilos nas ruas, a brincar nos relvados abundantes, sentados nos bancos dos jardins e em todos os parques da cidade. Recolhem comida para fazer face ao Inverno que se avizinha e armazenam bolotas e outros frutos secos para poderem sobreviver à carestia do frio.
Em 1906 um relatório do Congresso refere que a experiência de largar esquilos nos jardins do Capitólio, nos relvados da Smithsonian Institution e nos espaços verdes do Departamento de Agricultura, veio demonstrar o
interesse do público por experiências desta natureza. Nos anos seguintes, um número considerável de esquilos povoou a Lafayette Square e os jardins da Casa Branca.Actualmente existem milhares de esquilos, fazem parte da rotina da cidade num convívio amigável entre racionais e irracionais. Parecem também ser os únicos que estão imunes à crise económica que todos os dias arrasta famílias e empresas para a falência.
A volatilidade continua a perturbar os mercados e o espírito de confiança e a serenidade ainda não regressaram. Estou convencido de que as empresas, os particulares, mas sobretudo os eleitores já perceberam que esta situação se vai manter até às eleições e estão convencidos que só uma vitória de Obama poderá trazer algum alento e esperança aos mercados e energia à economia.
Curiosamente, Obama e McCain encontraram-se hoje de novo para cumprir uma tradição social e estiveram presentes no “Annual Al Smith Dinner”, em Nova York. Nos últimos 60 anos, convidados distintos participaram neste evento para angariar fundos e honrar Al Smith, o falecido governador de Nova York e primeiro católico a concorrer à presidência, em 1928.
Os candidatos presidenciais participaram pela primeira vez em 1960, com John F. Kennedy e Richard Nixon em palco duas semanas antes das eleições.
Quer Obama, quer McCain estiveram bem num ambiente leve mas elegante, descontraído mas selecto com discursos divertidos e alegres, numa demonstração de democracia, de civismo e de elevação intelectual invejável.
A democracia americana está plena de vitalidade, robusta de energia, imensa de liberdade. Estes valores estão mais solidificados e enraizados neste país tão jovem do que em muitos países europeus com democracias seculares, onde cada vez mais se vive e sente um ambiente de medo e o fantasma permanente da falta de liberdade de expressão e da ausência de livre opinião.
Recordo, a este respeito, uma passagem do Eça sobre a cidade ou, em extensão, sobre Portugal: em que este refere que "todas as faces reproduzem a mesma indiferença ou a mesma inquietação; as ideias têm todas o mesmo valor, o mesmo cunho, a mesma forma (...), e até o que há de mais pessoal e íntimo, a ilusão, é em todos idêntica, e todos a respiram, e todos se perdem nela como no mesmo nevoeiro... A MESMICE - eis o horror" de Portugal.
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