Segundo Jacques-Bénigne Bossuet, bispo e teólogo francês do século XVII, “era nas bibliotecas que se curava a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras."
Jorge Luís Borges costumava referir, naquele seu tom provocatório, que “há aqueles que não podem imaginar um mundo sem pássaros; há aqueles que não podem imaginar um mundo sem água; ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros."
A sala principal é de uma imponência arrebatadora, a cúpula é banhada pela luz e ornamentada por figuras alegóricas femininas representando a Religião, o Comércio, a História, a Arte, a Filosofia, a Poesia, o Direito e as Ciências. Mais impressionante ainda, são as dezasseis estátuas em bronze que ornamentam as balaustradas das galerias superiores e onde estão representados homens que marcaram o pensamento. Os leitores são assim observados por Moisés e São Paulo (Religião), Cristóvão Colombo e Robert Fulton (Comércio), Hérodoto e Edward Gibbon (História), Miguel Ângelo e Beethoven (Arte), Platão e Francis Bacon (Filosofia), Homéro e Shakespeare (Poesia), Solon e James Kent (Direito), Isaac Newton e Joseph Henry (Ciência). Apesar de parecerem intimidar, transmitem, ao invés, uma paz celestial que convida o mais analfabeto dos homens a viver uma experiência quase sobrenatural de saber.
A Library of Congress fica a dois passos do Capitólio, o símbolo por excelência da democracia e aquele que constituía o quarto alvo para os terroristas do 11 de Setembro.
Este monumento é simplesmente superior, para além de símbolo da democracia, representa a liberdade através da estátua que se encontra no seu topo. Uma figura feminina envolta em mantos e com o seu “liberty cap”, símbolo da libertação dos escravos. Passeei-me pelos jardins circundantes em direcção à Pennsylvania Avenue, e deixei para outro dia a visita ao seu interior.
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Washington é também a cidade da imprensa, a abundância de jornais, revistas, folhetos e pasquins é imensa. Impressiona-me, acima de tudo, a facilidade com que temos acesso a eles, nas ruas, nas lojas, nos cafés. Descobri que posso obter, todos os dias, o célebre Washington Post, de graça, no Starbucks. A disseminação no povo do hábito de ler cria, fatalmente, uma população urbana mais esclarecida, mais capaz de vontade própria, menos indiferente à vida nacional. Exemplo vivo disto é o Newseum, montra interactiva da imprensa de todo o mundo, nos seus expositores podemos encontrar todos os dias as primeiras páginas de todos os jornais americanos e algumas dos principais jornais do mundo.
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Washington, como verdadeira capital multi-cultural, tem também uma Chinatwon, neste caso de reduzida dimensão, povoada de restaurantes orientais, negócios de bijutaria e minúsculas lojas com produtos asiáticos. Curiosamente, as grandes cadeias ocidentais, em sinal de respeito, ostentam os nomes das suas marcas nas duas línguas.
O conhecido “Arco da Amizade”, referência desta comunidade ergue-se por cima da "H Street na 7th Street".
Apanhei um dia de festa na rua, tendas montadas, centenas de pessoas, espectáculos e actuações por todo o lado. Curiosamente, dei de caras com uma actuação de capoeira, organizada pela embaixada do Brasil. É nestas ocasiões que tenho de reconhecer o quanto devemos ao Brasil enquanto embaixador e divulgador da língua portuguesa no mundo. Eles tornam-nos um pouco menos irrelevantes.
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