domingo, 21 de setembro de 2008

"Willard Clock"

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Visitei, finalmente, Capitoll Hill, o berço da democracia, o núcleo da decisão, o sustentáculo da identidade deste país.
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Imponente, elegante e esguio, não passa despercebido a quem passeia pela cidade. Constitui o "ex libris" do sistema de contra-pesos da democracia americana e é, a partir de lá, que nasce a legislação de suporte ao governo dos Estados Unidos. O Congresso, formado pela Câmara alta (Upper house) e pelos seus Senadores e pela Câmara baixa (Lower house) e pelos seus Deputados, ocupa cada uma das alas do edifício; na ala norte o Senado, na ala sul a Câmara dos Representantes.

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Desta visita registo, mais uma vez, a fúria securitária que se sente e que se tornou um traço da personalidade americana do pós 11 de Setembro. Além disto, guardo uma história, das muitas que constituem o ADN deste edifício e deste povo:

O Willard Clock, este grande relógio de parede, que tentei fotografar e que se encontra no topo da antiga Câmara do Supremo Tribunal, foi mandado construir por Roger Brooke Taney, Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, em 1836. O relógio foi construído por Simon Willard, um relojoeiro de Boston. A tradição refere que Taney, frustrado com a falta de pontualidade dos conselheiros, mandou adiantar o relógio em cinco minutos com a justificação de que a justiça deve estar sempre à frente das necessidades dos cidadãos.

Sem dúvida, um exemplo a reter para o nosso sistema judicial e os seus tempos de serena lentidão.

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Curioso foi também encontrar o busto de Martin Luther King Jr., na sala principal do edifício, ladeado por outros vultos da história Americana; Abraham Lincoln e George Washington, por exemplo. Esta sala é utilizada para cerimónias especiais, nela esteve em câmara ardente o Presidente Kennedy e, curiosamente, Rosa Parks, activista pelos direitos das minorias negras que passou à história quando, em 1955, teve a coragem de não cumprir a ordem do motorista do autocarro onde seguia, para dar o seu lugar a um branco. O Congresso viria, mais tarde, a chamá-la - "Mother of the Modern-Day Civil Rights Movement".

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Imediatamente por baixo desta sala principal do Capitoll Hill, fica a câmara inferior, em cujo centro centro se encontra desenhada uma estrela que representa, em termos geográficos, o ponto central da cidade de Washington DC.

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Visitei também o National Air and Space Museum, este gigantesco centro de diversão e conhecimento que se encontrava apinhado de visitantes, com especial predominância de crianças e adolescentes. Este museu constitui um tributo à aviação e ao espaço, mas acima de tudo ilustra, mais uma vez, aquela capacidade imensa de partilhar conhecimento e saber, aquele orgulho e aquela confiança nos feitos alcançados. Só os fracos e os inseguros têm medo de partilhar e necessidade de esconder, é a celebre falácia do poder.

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Acho interessante esta vontade de criar história para um país com uma história tão recente. Se nós portugueses fizéssemos pela divulgação da nossa história, tão rica e tão vasta, metade do que fazem os americanos pela sua, tão rica mas tão recente, certamente teríamos mais orgulho e respeito pelos feitos dos nossos antepassados.

Foi emocionante conhecer de perto um avião que povoou os meus sonhos de criança e deliciou a minha imaginação de piloto de teste. O Bell X-1 pilotado por Charles Chuck Yeager, o primeiro homem a ultrapassar a barreira do som Mach 1, em 14 de Outubro de 1947. Ali, suspenso do ar estava o avião que mais me tinha feito sonhar enquanto criança.


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