domingo, 7 de setembro de 2008

The Celebration of Freedom

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Sábado foi um dia entediante, chuvoso, húmido e desconfortável, não convidou a sair, nem tão pouco serviu de inspiração para a minha escrita. Passei grande parte da tarde em casa viajando pelo mundo através do meu computador e, felizmente, a maior parte do tempo tive a companhia da minha mulher. O “skype” constitui uma maravilha da tecnologia, ajuda-nos a lidar com a distância e com a ausência e atenua de forma considerável a saudade.
O desespero e a sensação de claustrofobia acabaram por me obrigar a sair para enfrentar a chuva copiosa que se fazia sentir.

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Curiosamente, a distribuição e a recolha de correio não param, nem ao sábado. A USPS está em todo o lado e não me deixa indiferente. Nos Estados Unidos os correios funcionam seis dias por semana.

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Decidi enfrentar a chuva e o vento e abracei uma cidade deserta, restaurantes fechados, lojas vazias, muito pouco movimento. Washington é, claramente, uma cidade de trabalho e de passagem e, pelo menos este ano, o número de turistas parece ter diminuído de forma relevante.

Fui visitar a Renwick Gallery, onde já havia passado anteriormente. O edifício é bonito e imponente, mas as exposições não eram muito cativantes.

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Hoje domingo, o sol voltou e o cenário convidou ao passeio. Aproveitei a manhã e fui de metro até ao Arlington National Cemetery. Fica situado num colina de frente para Washington e nele estão sepultados milhares de militares que lutaram nas variadas guerras em que os Estados Unidos participaram.

Arlington Cemetery constitui um cenário profundamente marcante e carregado de significado. Tinha curiosidade de visitar o túmulo de J. F. Kennedy, admiro-o pelo seu carisma, pela sua firmeza, pela sua segurança, pela sua força e pela sua coragem. Considero que encarna uma ideia da América que me seduz e que partilho; a defesa da liberdade, a luta pelos direitos dos mais oprimidos, a aposta na tecnologia e na ciência, a pedagogia da paz e a coragem perante as adversidades. Ideais que podemos encontrar no seu inesquecível “Inaugural Address”, de 20 de Janeiro de 1961 e cujos excertos se encontram no mural de granito que secunda a sua sepultura.

Mas a visita a este cemitério vai muito para além desta sepultura, os campos de lápides a perder de vista, as extensões infindáveis de mortos a contemplar a magnífica vista de Washington fazem-me pensar em como é nebulosa a natureza humana, como foi importante o papel que estes homens tiveram na luta pela liberdade e quanto lhes devemos, enquanto europeus, pela sua ajuda na salvaguarda da nossa identidade.
Não deixa de ser irónico que os mortos desta colina estejam de frente para o poder que os mandou partir; frente a frente, peões e poder, comandantes e comandados, governo e governados.

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Continuei a minha caminhada e regressei à cidade, através da Arlington Memorial Bridge. Parei no Lincoln Memorial e contemplei a linearidade, a precisão com que toda esta cidade foi projectada. Parece que todos os pormenores foram pensados, a harmonia dos monumentos, a conjugação dos materiais, a diversidade das instalações. Nem Brasilia teve tanta minúcia e precisão na sua monumentalidade.

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Terminei o dia na National Gallery of Art, mais uma vez fui surpreendido pela beleza do edifício. A conjugação das suas alas East e West, uma de 1941 e a outra de 1978, numa harmoniosa parceria de contemporaniedade. O acervo deste museu é fabuloso, as suas colecções de renascentistas e de impressionistas estão ao nível das melhores do mundo.


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