Enquanto esta semana as bolsas de todo o mundo se desmoronavam e Wall Street assistia inanimada ao desaparecimento da Lemahn Brothers, ao afundamento da Merril Lynch e à salvação “in extremis” da AIG, em Londres decorria aquela que viria a ser a exposição mais rentável e lucrativa de sempre.
Hirst, conhecido pelos seus tubarões em formol e a sua caveira cravejada de diamantes, é o artista que mais ganhou na história da arte. Através das suas instalações, pinturas, esculturas e desenhos, ele desafia as fronteiras entre a arte, a ciência e a cultura e consegue introduzir um estilo inovador e arrojado, conjugando o inesperado, o chocante e o visceral com a beleza e a criatividade.
Ele é também inovador porque conseguiu reinventar o mundo da arte, dos galeristas e dos expositores sendo o primeiro a entregar as suas obras directamente a uma casa de leilões. Em mais de duzentos anos de existência esta foi a primeira vez que a leiloeira Sotheby's vendeu obras recentes de um artista vivo.
Este pode ser pois um momento de mudança para o comércio da arte mundial. Ao levar as suas obras directamente para a casa de leilões, ele elimina a comissão normalmente recebida pelas galerias, que, segundo ele, é extorsiva.
Damien Hirst pode ainda ser considerando um verdadeiro empresário e negociador de arte em grande escala. Em Londres controla duas grandes unidades industriais onde produz as suas asas de borboleta e as suas pinturas foto realistas. Possui ainda oficinas e estúdios onde emprega mais de 180 pessoas que trabalham para ele, criando Damien Hirsts.
Estamos pois perante uma mudança de focus do grande capital, na realidade os grandes compradores deste leilão foram russos, chineses e árabes. O dinheiro da bolsa parece estar a dar lugar ao dinheiro do gás natural, ao dinheiro da mão de obra barata e ao dinheiro do petróleo. Do capitalismo de Wall Street estamos a passar para o capitalismo dos recursos escassos.
1 comentário:
Meu caro Eduardo, é bem verdade que há oportunidades únicas que nos revitalizam e estimulam de forma surpreendente.
O teu compromisso de partilha de experiências e emoções tem sido escrupulosamente cumprido e aliás, amplamente complementado. As excelentes crónicas que relatas são caminhadas que agora fazemos de forma diferente - e este é o privilégio de quem aqui puder estar...
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