quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

“Ivy Crises”

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A crise financeira que devasta fortunas, desfaz empresas, arruina instituições financeiras, arrasta milhões para o desemprego, leva gestores ao suicídio, famílias ao desespero chegou também às universidades mais prestigiadas do mundo.
:: A Ivy League representa a nata do ensino universitário americano e constitui uma referência de excelência académica, de selectividade, de elitismo e de sucesso. Neste grupo estão oito universidades privadas do nordeste americano, universidades coloniais, universidades ancestrais que constituem a matriz da cultura anglo-saxónica que forma os Estados Unidos da América. A Universidade de Brown, em Providence; a Universidade de Columbia, em Nova Iorque; a Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova Iorque; o Dartmouth College, em Hanover, New Hampshire; a Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts; a Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia; a Universidade de Princeton, em Princeton, New Jersey e a Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut.

O termo Ivy League aparece ligado ao desporto e torna-se oficial em 1954, com a criação da NCAA Division, período em que a atenção estava muito focalizada na competição desportiva entre universidades. Segundo o History Dictionary, o nome Ivy League deriva das heras verdes que revestem os prédios históricos dessas instituições, num claro sinal da sua ancestralidade. As universidades da Ivy League são também chamadas "Ancient Eight" ("as oito antigas") ou simplesmente Ivies.

Esta liga de ouro possui e gere legados (endowments) avaliados em biliões de dólares. Harvard está à cabeça e possui, ou melhor possuía o maior legado do mundo, avaliado em $37 biliões de dólares, no início de 2008.

É uma honra e um orgulho poder ostentar no curriculum o nome de Harvard. A possibilidade de aprender com os melhores dos melhores, a oportunidade de conhecer a vanguarda do conhecimento, lidar de perto com alguns dos melhores professores do mundo, trabalhar com alguns dos mais brilhantes estudantes constituem uma oportunidade única acessível a muito poucos.

(Franklin Roosevelt na fotografia)

Harvard, a mais antiga e a mais rica, foi pioneira na criação de um modelo de diversificação de investimentos mais tarde copiado por outras universidades. Enquanto muitos investiam em acções e obrigações, os executivos da Harvard Management C. aplicavam o legado bilionário em florestas, private equity, start-ups e capital de risco. Se, durante vários anos, os níveis de rentabilidade compensaram - 13,8% de rentabilidade anual, ou seja, duas ou três vezes mais do que o mercado de acções; a questão agora é a de saber se este modelo amorteceu ou potenciou os efeitos da crise dos mercados.

Segundo as últimas evidências e os cálculos da Moody's Investors Service (cerca de 30% de perda nos legados de colégios e universidades) isto significaria uma perda de $11 biliões de dólares para Harvard.

Estes dados não são confirmados pela universidade, mas os factos e as práticas apontam para perdas avultadas. O recente email da presidente para professores, alunos, alumni e staff refere explicitamente "unprecedented endowment losses" e revela que a escola procura outras formas de reduzir custos "We have to think not just about what more we might wish to do, but what we might do at a different pace or do without"

Curiosamente, e apesar da necessidade de reduzir custos, mais uma vez num momento de dificuldade regista-se a intenção expressa da universidade em intensificar os programas de ajuda que permitem que as famílias com rendimentos anuais inferiores a $60,000 dólares não paguem nada para enviar os seus filhos para Harvard, se o mérito o justificar.

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