domingo, 30 de agosto de 2009

Um Ano de Vida

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A Pata do Gaspar completa hoje um ano de vida. A passagem do tempo é uma realidade inultrapassável e a única garantia da nossa aprendizagem, da consolidação do nosso conhecimento e do prazer que devemos tirar da passagem terrena.
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Aproveito para agradecer a todos os que me lêem e a todos os que têm a amabilidade de comentar os meus “posts”. Os meus textos não passam de reflexões despretensiosas sobre assuntos que me interessam e uma forma singela de partilhar um pouco da minha vivência, das minhas experiências e das minhas opiniões. Com maior ou menor assiduidade procurei deixar alguns contributos, à luz das minhas motivações e tendo em conta o interesse e a actualidade dos temas para os meus potenciais leitores.:
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A minha viagem a Washington DC e o espírito desta cidade continuam no meu coração. Os exemplos e as experiências que aí vivi acompanham-me no dia a dia e procuro, continuadamente, adaptá-los à realidade portuguesa. Os Estados Unidos são a minha matriz de referência e a minha fonte de inspiração constante.
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Os Açores são o meu berço e o meu porto de abrigo. Dedico-lhes toda a minha atenção e preocupo-me genuinamente com o seu estado de preservação, com o seu grau de desenvolvimento e com todas as iniciativas que atentam contra a sua beleza imaculada e a sua natureza exuberante. Melhor do que eu, o texto da minha mulher sobre os Açores constitui um exemplo vivo de como vivemos apaixonadamente a exuberância destas ilhas de bruma.
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A realidade política, a nossa classe dirigente, as principais medidas legislativas são também, de quando em vez, temas abordados, embora o faça sempre de passagem. As minhas responsabilidades profissionais e o meu sentido de ética obrigam-me a algum cuidado que procuro gerir delicadamente, de forma a não colidir com a minha inalienável liberdade de opinião.
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Em último lugar, o Gaspar, o grande inspirador deste meu trabalho. Continua a acompanhar-me fielmente nas minhas escritas e a sua dedicação, impaciência e carinho são uma imensa fonte de inspiração e uma garantia de continuidade.
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

JFK – Coragem, Justiça, Integridade, Dedicação

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A propósito do desaparecimento de Ted Kennedy e tendo em conta o período pré-eleitoral que se vive em Portugal, recordo um dos melhores discursos, na minha opinião, do Presidente Kennedy.


Em Janeiro de 1961, John F. Kennedy, a cerca de quinze dias de ser empossado como 35ª Presidente dos Estados Unidos, regressou a Massachusetts, a sua comunidade de origem e aquela que o elegeu para os mandatos exercidos no Senado.

Dirigindo-se aos seus conterrâneos, o Presidente Kennedy agradece a confiança que sempre lhe manifestaram e refere que todos os que exercem cargos públicos devem ver os seus sucessos ou fracassos julgados através da resposta a quatro questões distintas: Fomos verdadeiramente homens de coragem? Fomos verdadeiramente homens justos? Fomos verdadeiramente homens íntegros? Fomos verdadeiramente homens dedicados?


O exemplo de dedicação à causa pública e de disponibilidade ao serviço da nação que nos deixa a família Kennedy deve servir de referência para todos os que se interessam pelo seu país e que estão dispostos a exercer funções políticas, a bem da sua comunidade e da melhoria da qualidade de vida dos seus concidadãos. As grandes nações são sustentadas por grandes homens. Kennedy foi um destes grandes homens, como o foram George Washington, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Alexander Hamilton, entre outros, os Founding Fathers deste país.

Portugal precisa de exemplos destes; exemplos de integridade, de abnegação, de dedicação, de solidariedade, de competência, de altruísmo, de inteligência e vontade de fazer. Só assim será possível construir um país mais capaz, uma sociedade mais dedicada, uma classe política menos corrupta, um povo menos invejoso.

Address of President-Elect John F. Kennedy Delivered to a Joint Convention of the General Court of the Commonwealth of Massachusetts - The State House, Boston
January 9, 1961



“I have welcomed this opportunity to address this historic body, and, through you, the people of Massachusetts to whom I am so deeply indebted for a lifetime of friendship and trust.

For fourteen years I have placed my confidence in the citizens of Massachusetts--and they have generously responded by placing their confidence in me.
Now, on the Friday after next, I am to assume new and broader responsibilities. But I am not here to bid farewell to Massachusetts.
For forty-three years--whether I was in London, Washington, the South Pacific, or elsewhere--this has been my home; and, God willing, wherever I serve this shall remain my home.
It was here my grandparents were born--it is here I hope my grandchildren will be born.
I speak neither from false provincial pride nor artful political flattery. For no man about to enter high office in this country can ever be unmindful of the contribution this state has made to our national greatness.
Its leaders have shaped our destiny long before the great republic was born. Its principles have guided our footsteps in times of crisis as well as in times of calm. Its democratic institutions--including this historic body--have served as beacon lights for other nations as well as our sister states.
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For what Pericles said to the Athenians has long been true of this commonwealth: "We do not imitate--for we are a model to others."
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And so it is that I carry with me from this state to that high and lonely office to which I now succeed more than fond memories of firm friendships. The enduring qualities of Massachusetts--the common threads woven by the Pilgrim and the Puritan, the fisherman and the farmer, the Yankee and the immigrant--will not be and could not be forgotten in this nation's executive mansion.
They are an indelible part of my life, my convictions, my view of the past, and my hopes for the future.
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Allow me to illustrate: During the last sixty days, I have been at the task of constructing an administration. It has been a long and deliberate process. Some have counselled greater speed. Others have counselled more expedient tests.
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But I have been guided by the standard John Winthrop set before his shipmates on the flagship Arabella three hundred and thirty-one years ago, as they, too, faced the task of building a new government on a perilous frontier.


"We must always consider," he said, "that we shall be as a city upon a hill--the eyes of all people are upon us."
Today the eyes of all people are truly upon us--and our governments, in every branch, at every level, national, state and local, must be as a city upon a hill--constructed and inhabited by men aware of their great trust and their great responsibilities.
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For we are setting out upon a voyage in 1961 no less hazardous than that undertaken by the Arabella in 1630. We are committing ourselves to tasks of statecraft no less awesome than that of governing the Massachusetts Bay Colony, beset as it was then by terror without and disorder within.
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History will not judge our endeavours--and a government cannot be selected--merely on the basis of colour or creed or even party affiliation. Neither will competence and loyalty and stature, while essential to the utmost, suffice in times such as these.
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For of those to whom much is given, much is required. And when at some future date the high court of history sits in judgment on each one of us--recording whether in our brief span of service we fulfilled our responsibilities to the state--our success or failure, in whatever office we may hold, will be measured by the answers to four questions:
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First, were we truly men of courage--with the courage to stand up to one's enemies--and the courage to stand up, when necessary, to one's associates--the courage to resist public pressure, as well as private greed?
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Secondly, were we truly men of judgment--with perceptive judgment of the future as well as the past--of our own mistakes as well as the mistakes of others--with enough wisdom to know that we did not know, and enough candor to admit it?
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Third, were we truly men of integrity--men who never ran out on either the principles in which they believed or the people who believed in them--men who believed in us--men whom neither financial gain nor political ambition could ever divert from the fulfillment of our sacred trust?
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Finally, were we truly men of dedication--with an honor mortgaged to no single individual or group, and compromised by no private obligation or aim, but devoted solely to serving the public good and the national interest.
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Courage--judgment--integrity--dedication--these are the historic qualities of the Bay Colony and the Bay State--the qualities which this state has consistently sent to this chamber on Beacon Hill here in Boston and to Capitol Hill back in Washington.
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And these are the qualities which, with God's help, this son of Massachusetts hopes will characterize our government's conduct in the four stormy years that lie ahead.
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Humbly I ask His help in that undertaking--but aware that on earth His will is worked by men. I ask for your help and your prayers, as I embark on this new and solemn.”

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Último dos Kennedy

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Os Estados Unidos perderam hoje um dos seus mais relevantes Senadores e o mundo viu partir um insubstituível defensor dos oprimidos, um incansável lutador pelos direitos humanos, um humanista e um apologista da justiça e da solidariedade.

A morte de Edward Kennedy representa o fechar de um ciclo, político, social e humano, que marcou uma geração. A mítica família real americana perde o seu representante mais político, o seu representante mais humano e porventura aquele que mais tempo teve para poder partilhar com o povo americano um pouco da sua imensa generosidade.

Há apenas duas semanas, falecia Eunice Kennedy Shriver, a irmã do meio, também ela uma fervorosa humanista. Esta é aliás uma das mais marcantes características desta família, a par da sua vocação católica para servir o próximo e ajudar os outros. Os Kennedy são um exemplo de abnegação e dedicação à causa pública, ao serviço da nação que os acolheu vindos dos confins da Irlanda rural do século XIX.
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A 12 de Agosto passado, Vince Bzdek escreveu no Washington Post um artigo extremamente interessante sobre a família Kennedy, intitulado “The Faces of a 'Royal' Generation Fade Into History”.
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A propósito da morte de Eunice e do eminente desaparecimento de Edward, Vince descreve-nos as variadíssimas facetas desta família. A chegada aos Estados Unidos, o poder e a influência do patriarca, a ligação à igreja, o vício da política, os casos pessoais e a inegável necessidade de vencer e de conquistar que sempre os acompanhou.
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Neste artigo, Vince cita a jornalista e ensaísta Clare Boothe que descreve assim os irmãos Kennedy: "Where else but in Gothic fiction, where else among real people could one encounter such triumphs and tragedies, such beauty and charm and ambition and pride and human wreckage, such dedication to the best and lapses into the mire of life; such vulgar, noble, driven, generous, self-centered, loving, suspicious, devious, honorable, vulnerable, indomitable people?"
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O editorial de hoje do New York Times, dedicado na íntegra ao Senador desaparecido, constitui um bom exemplo da sua importância para a América e para os Americanos. A sua luta afincada para reformar o sistema de saúde poderá funcionar como uma mais valia importante, no momento actual. O esforço adicional que falta ao Presidente Obama para aprovar a mais polémica reforma do sistema de saúde dos últimos anos.


Obama perde seguramente um dos seus principais aliados e talvez aquele que mais o projectou para a vitória de Novembro passado. Para sempre ficará o seu inflamado discurso na convenção democrata, há cerca de um ano atrás: “My fellow Democrats, my fellow Americans, it is so wonderful to be here, and nothing is going to keep me away from this special gathering tonight. I have come here tonight to stand with you to change America, to restore its future, to rise to our best ideals and to elect Barack Obama president of the United States.”