segunda-feira, 27 de julho de 2009

Vamos relativizar!

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Depois de algumas semanas ausente, não por falta de temática, mas por motivos profissionais, volto com gosto a estas paragens da blogosfera.

A dois passos de umas merecidas férias e numa incursão por destinos distantes, descobri um conjunto de mapas interessantíssimos que ilustram diferentes realidades e, mais do que isso, nos ensinam a relativizar e a enquadrar.
Assumo a minha paixão pela representação gráfica; mapas, gráficos, tabelas e esquemas coloridos. Constituem uma maneira de traduzir a realidade, uma forma criativa de interpretar e um auxílio enorme à análise e à compreensão.
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O Estado Novo, por exemplo, utilizou abundantemente a propaganda para fundamentar algumas das suas decisões e políticas. Este mapa, “Portugal não é um País Pequeno”, surge durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi necessário fundamentar a política de isolamento e neutralidade com a atenção dada às colónias africanas. A representação em mapa das colónias portuguesas e a sua dimensão comparativa relativamente aos principais países europeus constituem um apelo à grandiosidade da nação, à sua dimensão transatlântica, ao império colonial, à empresa dos descobrimentos e ao nosso poder além fronteiras.
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Conforme é referido na legenda, todos os territórios portugueses perfazem uma área maior do que a Espanha, a França, a Itália, a Alemanha e a Inglaterra em conjunto. Na realidade, é uma explicação defensiva e auto-justificativa, uma espécie de consonância cognitiva nacional para uma iniciativa inconsequente.
Curiosamente, esta prática de representação foi também utilizada para outras situações ou por outros países. Os Estados Unidos, por exemplo, recorrem frequentemente a este tipo de exposição para comparar a sua dimensão, quer em termos territoriais, quer em termos de produto ou de riqueza. Os Estados Unidos são, indiscutivelmente, um país grandioso em muitos aspectos e a utilização de um termo de comparação concreto e real facilita a compreensão deste facto.
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Em termos de produto, ou seja de riqueza gerada, os Estados Unidos conseguem equiparar-se, por grupos de estados, às grandes potências mundiais. O produto da China corresponde ao produto da Califórnia, do Oregon, de Washington State, de Nevada, do Alasca e do Havai.
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O produto gerado pela Inglaterra corresponde ao produto de New York, New Jersey, Pennsylvania, Delaware, Maryland e Washington DC, em conjunto, e assim sucessivamente para a Alemanha e para o Japão.
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Na sequência deste tipo de representação, utilizou-se a mesma filosofia para retratar a população em termos comparativos. Utiliza-se neste mapa as bandeiras de países com população similar à dos estados americanos, onde se encontram representados.
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Ou ainda este mapa do Brasil, de 1957, similar ao das colónias portuguesas e utilizado para traduzir a grandeza efectiva do Brasil no quadro das nações poderosas de então. Dentro do território brasileiro cabem as várias potências europeias, e este pode ainda ser facilmente comparado, em termos de dimensão geográfica, a toda a América do Sul sem o Brasil, ou aos Estados Unidos sem o Alasca.
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O Brasil é o 5º maior país do mundo, depois da Rússia, do Canadá, dos Estados Unidos e da China. Foi descoberto pelos portugueses, fala português, constitui o principal representante da língua portuguesa no mundo e é por nós tão esquecido e desaproveitado. Não nos podemos esquecer que será graças ao forte crescimento populacional do Brasil (as Nações Unidas estimam que em 2050 o Brasil tenha 250 milhões de pessoas e seja a 5ª economia do mundo em termos de produto) que poderemos esperar um crescimento exponencial no uso do português.

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