É conhecido o estigma que existe relativamente à “Margem Sul” do Tejo; o outro lado do rio, o “south bank” de Lisboa, a zona reaccionária ligada ao operariado, um feudo tradicional do partido comunista, um verdadeiro “melting pot” à portuguesa. Trata-se efectivamente de um imenso dormitório para muitos que trabalham na zona de Lisboa ou na coroa urbana da cidade, uma zona que enche durante a noite, desertifica durante o dia e fervilha ao fim de semana.
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Associadas a quase todas as grandes metrópoles existem sempre uma ou várias cidades- satélite, que funcionam como urbes habitacionais de apoio às mesmas. Assim acontece com a Margem Sul do Tejo, à semelhança do que sucede, por exemplo, com a zona de Queens, em Nova York ou o "south bank" londrino que se tem desenvolvido significativamente nos últimos anos e, por isso, é quase um caso à parte. A Margem Sul, já chamada de deserto por um megalómano que por acaso era Ministro, constitui efectivamente uma realidade à parte, uma bolsa de humanidade onde pululam verdadeiros representantes do português típico; fato de treino ao fim de semana, beata no canto da boca e barba por fazer.
É por isso notório um certo preconceito social, cultural e económico em relação aos habitantes desta zona. Com maior ou menor fundamento é um facto indiscutível que em muitas destas áreas os índices de violência, os conflitos raciais, a degradação urbanística contribuem para essa imagem. Não é menos verdade que aí reside também uma classe média com alguma formação que teve acesso ao “boom” do ensino superior, à melhoria das condições de vida, à explosão do consumo. É também verdade que os últimos anos se têm pautado por maiores preocupações de ordenamento urbanístico, pelo aproveitamento de espaços verdes e por investimentos em infra-estruturas e espaços culturais.
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