Hoje foi um dia negro para a economia mundial e devastador para a economia americana. A não aprovação pelo Congresso do Plano Paulson é uma irresponsabilidade monumental e, mais do que isso, representa uma posição digna de mexicanização do poder, muito característica das economias terceiro-mundistas.
Ao mesmo tempo que os judeus celebravam o novo ano Judaico, o índice Dow Jones registava a sua maior queda desde que foi constituído, com esta composição, em 1995. Em poucas horas, o mercado perdeu 1 trilião de Dólares (o Plano previa apenas 700 biliões), ou seja, o valor total da desvalorização dos activos num dia representa cerca de 40% do Plano Paulson.
O Plano Paulson é obviamente uma solução de recurso, mal estruturada, precipitadamente preparada, deficientemente consensualizada mas é, sem dúvida, uma solução. O secretário Paulson, apesar dos seus pergaminhos, tem muita responsabilidade na proporção que esta situação assumiu. Falhou no caso Lemanh Brothers e acima de tudo, falhou por não ter tomado as medidas necessárias para regular o mercado e, sobretudo, o mercado do crédito.
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A encenação de hoje no Capitólio constitui um revés monumental para todas as partes e principalmente uma ameaça aterradora sobre a economia mundial, com consequências brutais se não for invertida, ainda esta semana. Hoje falhou mais uma vez o Presidente, há muito cadáver, falharam os republicanos que não foram capazes de assumir uma solução para os erros que cometeram durante esta legislatura, falharam os democratas que não tiveram coragem de seguir a maioria que têm no Congresso, falhou a Sra. Pelosi porque não foi capaz de chamar a si, mais uma vez, a liderança do Congresso, falhou McCain porque não teve força para convencer os seus correlegionários, falhou Obama porque esteve lá, participou na última ceia com Bush e McCain e não teve força para tomar uma posição clara de compromisso.
Não existem, infelizmente, muitas soluções para esta situação. Os governantes americanos estão entretidos a brincar com o fogo, enquanto a tão referida “main street” se afunda em créditos incobráveis. Na realidade, hoje mais do que a queda do mercado foi o efeito sobre o crédito. Daqui para a frente será cada vez mais difícil ter acesso a ele, e esta situação vai começar a sentir-se em breve com os créditos de curto prazo, para as empresas e os créditos de consumo, para particulares.
Considero que, neste momento, a única solução será a Sra. Pelosi contar os votos numa nova sessão urgente do Congresso e os Democratas assumirem uma postura responsável e coerente e votarem em maioria este Plano. É imperioso para a fluidez do crédito e para recomposição da confiança.
Feliz ou infelizmente, a sorte sorri a Barack Obama. Estou convencido que tem aqui uma oportunidade única para ganhar estas eleições. Poderá assim iniciar uma nova era de regulação para estes mercados e uma disciplinização de Wall Street em beneficio da "main street", como ele gosta de referir. Não sei é se terá a coragem, que acredito que McCain tivesse, para o fazer.