quinta-feira, 2 de outubro de 2008

“Palinisses”


Terminou há pouco o tão esperado debate para a Vice Presidência dos Estados Unidos. Palin vs. Biden era um debate decisivo para inverter a tendência decrescente das sondagens das últimas semanas.
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Sara Palin conseguiu relançar a campanha, esteve bem para quem partia de uma posição tão desvantajosa, com uma imagem profundamente desgastada, uma comunicação social terrivelmente crítica e irónica, a demolidora entrevista a Katie Couric da CBS, a confrangedora entrevista com McCain, a semana negra dos mercados e o seu efeito sobre os republicanos e o descolar de Obama. A entrevista de hoje vem trazer uma certa frescura a uma campanha bafienta e Palin consegue impressionar o americano médio e reposicionar a sua imagem.

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De qualquer forma, na sua essência, Palin representa um vazio total, uma completa ausência de ideias próprias, um profundo desconhecimento dos assuntos para além do essencial, uma mediania devastadora e, acima de tudo, uma falta de preparação total para ocupar um cargo com o grau de responsabilidade do de Vice Presidente. Apesar da sua fluência articulada, da entrevista bem preparada, da empatia que proporciona, é de certa forma confrangedor reparar que ela não responde às questões, que se refugia na energia e na sua experiência na Câmara de Wasila, que recorre ao cliché da mãe de família que vai ao jogo de baseball, e tudo isto acompanhado de um piscar de olho tão fora de contexto.

Quanto a Joe Biden, esteve brilhante. Segundo David Gergen, da CNN, este foi o melhor debate da vida de Biden. Foi excelente na política externa, foi excelente nas responsabilidades do Vice Presidente, foi cativante nas responsabilidades de pai e foi acutilante e certeiro nos ataques, constantes, a McCain. Mostrou que domina os assuntos que possuì um “track record” impressionante enquanto Senador e sobretudo mostrou que tem competência para substituir o Presidente em qualquer ocasião.

Apesar da onda de frescura alcançada, do relançamento da imagem e da jovialidade, julgo que o resultado final sobre a campanha não será relevante e que a inversão das sondagens é quase impossível.

1 comentário:

Cristiana disse...

Muito Bom. Gostei da análise, ou melhor da crónica, que na minha opinião merecia ser publicada num jornal com grande tiragem...

Cristiana