O programa constituiu um excelente exemplo do país actual e do espírito videirinho que se instalou. Ruído e mais ruído, vácuo e vazio de ideias e de valores. Parecia que nos encontrávamos na assembleia geral de um clube de futebol.
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Tivemos ontem um exemplo vivo do estado actual da nossa sociedade; conflituosa, áspera, beligerante, assintosa, rasteira, mediana e redundante, desconfiada e vazia. Este espírito espelha a qualidade da nossa política, revela a imensa necessidade de mudança, a extraordinária importância da reposição de valores de seriedade, de verdade, de altruísmo. Não é por acaso que se instala um clima desta natureza. Aqueles que deveriam constituir um exemplo, aqueles que deveriam funcionar como referências de isenção e de seriedade são os primeiros a vacilar, são os primeiros a cair na teia de interesses e benesses, favores e mordomias, mentiras e falcatruas. Um ambiente desta natureza contamina, contagia e faz apodrecer um país.
Tenho pena que não se tenham discutido temas relevantes e com repercussões para o futuro da União Europeia. Como reagiu a União à crise económica que se faz sentir? Serão estas as melhores opções para lidar com o desemprego e a recessão? Como lidar com a situação complexa em que vivem alguns dos recém chegados à União? Qual o papel do estado e qual a melhor estratégia de actuação? Qual a melhor forma de tirar partido de uma união politica e económica? Quais os critérios e a metodologia para a atribuição de subsídios e ajudas actuais? Quais os perigos e as vantagens da União Europeia actual? Porque é que os portugueses devem votar nestas eleições?
Na realidade, para o português médio que vive momentos de grande dificuldade, que se vê numa situação de desemprego e sem perspectivas de mudança, com graves dificuldades de sobrevivência, quais são as vantagens de pertencer a uma União, e existem várias, versus estar a solo num país cada vez mais inconsequente e irrelevante?
Estou certo de que o debate de ontem não serviu a ninguém, foi antes mais um exemplo do distanciamento do país político em relação ao país real e, se alguém saiu reforçado, foi certamente a abstenção.
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