domingo, 7 de junho de 2009

Albert Arroyo - 'Mayor of Central Park'

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Albert Arroyo é um porto riquenho de 90 anos, chegado a New York nos anos 30. Naquela altura Alberto era um jovem boxeur que cultivava a boa forma física e para a obter, dedicava boa parte do seu tempo e da sua energia. Segundo afirma, foi o primeiro a fazer “jogging” no Central Park e foi a sua iniciativa original que despoletou a prática da modalidade que hoje atrai tantos milhares.

Alberto deixou de correr há cerca de 10 anos, mas este facto não o impede de passear diariamente no parque. Durante 40 anos percorreu os trilhos deste santuário de beleza natural incrustado no coração de Manhatan. Ficou conhecido, foi agraciado e homenageado, conviveu com muitos habitantes desportistas da cidade, como Jacqueline Kennedy Onassis, com quem corria muitas vezes e que deu o nome ao maior e mais belo lago de Central Park.


Hoje pelas oito da manhã, pude testemunhar como a sua iniciativa teve eco junto dos habitantes de Nova York. Milhares de pessoas corriam dentro e fora do parque, os trilhos e os passeios estavam apinhados, o sol iluminava uma paisagem ainda sonolenta que agora se descobria por debaixo do manto difuso de betão. As ruas em redor do parque encontravam-se fechadas ao trânsito e o aparato policial, normal nesta cidade, era hoje excessivo. Apesar deste ser um dia especial que atraiu corredores e maratonistas a uma corrida de solidariedade para com pessoas portadoras de incapacidade, correr em Central Park constitui um hábito já profundamente enraizado.

Por mais vezes que visite esta cidade, nunca deixo de me impressionar e de me sensibilizar com a sua grandeza. Nova York não pertence aos padrões da normalidade, não se enquadra em nenhuma outra qualificação de cidade, reúne todas as características das grandes metrópoles mas vai mais além, tem o número de habitantes de uma grande urbe mas ultrapassa em cosmopolitismo qualquer outra cidade, agrega muitas facções, grupos e cores, à semelhança das maiores capitais europeias, mas excede largamente em diversidade.


A frescura da manhã atrai os desportistas que se cruzam com as centenas de cães que vivem no “Upper West Side”. Os donos madrugadores, aproveitam a tolerância das 7h às 9h para poderem passear os animais sem trela. É vê-los hilariantes em alegre convívio. Até os cães em Nova York têm uma postura civilizada e graças a eles, donos e cães partilham experiências e convivem alegremente.
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Para além dos cães, seres privilegiados que habitam “duplexs” ostensivos em edifícios monumentais como o Dakota Building ou a Trump Tower, todos com vistas esplendorosas sobre Central Park. Os porteiros são também figuras à parte. Pela manhã circulam junto às entradas majestáticas em busca dos primeiros raios de sol, ajudam os proprietários madrugadores na procura dos “yellow cabs” e entregam os cães solícitos, aos passeadores de cães do costume. Eles parecem ser dos poucos folgados, nestes dias de carestia que aqui se fazem sentir de forma bastante acutilante.

1 comentário:

auxília disse...

Que saudades de Nova York à medida que fui lendo o texto! Verbaliza tudo o que sinto por essa e nessa cidade. E não deixei de sorrir quando faz referência aos cães - "até os cães em Nova York têm uma postura civilizada". Sempre pensei isso, mas a pouca gente tinha a coragem de o revelar...
Revisitei a cidade através do seu olhar. Obrigada.