terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Burj Dubai"

:
Foi inaugurado há dias o mais alto edifício do mundo. Esta proeza única acontece, uma vez mais, naquele que é um dos mais elitistas estados - o Dubai.
:
:
Este país das arábias não nos deixa de surpreender. O luxo, a exuberância, a riqueza, a ostentação levadas ao extremo. Mais recentemente começamos a perceber, uma vez mais, que as aparências iludem. Que toda esta opulência assenta em estruturas de areia e o deserto antecipa uma passagem rápida a pântano. As dívidas acumulam-se, os investimentos efectuados tardam em trazer retorno, se é que alguma vez trarão e, no entretanto, o país afunda-se em dívidas, investimentos ruinosos e gastos sumptuosos.
:
:
O Burj Dubai é um símbolo do exagero, da desproporção e do descontrolo. As suas delicadas formas e a sua postura de elegância não escondem uma inexorável aposta na aparência e no culto da fachada.
:
:
Nós também teremos o nosso Burj TGV, o nosso Burj aeroporto e as nossas Burj auto-estradas. O Dubai, apesar de tudo, possui uma riqueza incalculável, esgotável é certo, que é o petróleo. Mas mais do que isso, é fundamental para o equilíbrio regional de forças, e desta forma, terá sempre um Abu Dhabi para o salvar. Quanto a Portugal, para além do facto de não possuirmos riquezas naturais, duvido que tenhamos algum Abu Dhabi para nos deitar a mão.
:
:
A nossa situação económico-financeira agrava-se diariamente. O DN de hoje refere que o crédito mal parado cresce cerca de 300 milhões de euros todos os meses. A nossa dívida dispara e as perspectivas de crescimento económico são ainda, ou cada vez mais, ténues e imprecisas. A Grécia, em situação bastante similar à nossa, abriu as suas portas, em desespero de causa, à equipa do FMI, para ajuda técnica. Portugal caminha a passos larguíssimos para que lhe aconteça o mesmo e a Moody’s, ainda ontem, veio avisar para a necessidade urgente de medidas drásticas.
:
:
Esperemos que seja ainda possível descer à terra, evitar que nos deixemos crucificar pelos Burjs megalómanos dos nossos responsáveis.
::

Sem comentários: