sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Paz para Obama

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O Comité Nobel Norueguês atribuiu há momentos o Prémio Nobel da Paz a Barack Obama.
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Segundo as palavras do seu Presidente, Thorbjoern Jagland, este prémio é lhe atribuído “for his extraordinary efforts to strengthen international diplomacy and cooperation between peoples. Only very rarely has a person to the same extent as Obama captured the world's attention and given its people hope for a better future. His diplomacy is founded in the concept that those who are to lead the world must do so on the basis of values and attitudes that are shared by the majority of the world's population."


Não posso estar mais de acordo com estas palavras e com a atribuição deste galardão. Obama junta-se, merecidamente, a nomes como os de Jean Henri Dunant, fundador da Cruz Vermelha e Frédéric Passy, fundador da Sociedade Francesa para a Paz, os primeiros galardoados em 1901. Martin Luther King, pela luta contra o racismo nos Estados Unidos de 60; Madre Teresa de Calcutá, pela sua luta contra a pobreza na Índia; Aung San Suu Kyi, enquanto activista birmanesa pelos direitos humanos, Nelson Mandela, pelo seu trabalho contra o apartheid; Kofi Annan e a Organização das Nações Unidas (ONU), pela dedicação a um mundo mais pacifista. Para referir apenas alguns dos mais relevantes galardoados das últimas décadas.


Recordo hoje a visita marcante de Obama a Berlim, em 24 de Julho de 2008, ainda antes de ser eleito Presidente dos Estados Unidos e que constituiu um marco decisivo para a sua imagem de renovação, de determinação, de pacifismo e de amizade. Este foi o prenúncio de uma eleição marcante e a escolha de um homem singular que veio mudar radicalmente a postura e o posicionamento dos Estados Unidos no mundo. Há muito que a humanidade anciava por alguém com estas características e a empatia e a transparência deste homem foram decisivas para que o mundo se deixasse seduzir.

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Não há precedentes para a recepção entusiasmada que Barack Obama recebeu dos 200 mil alemães que se aglomeraram em frente à Coluna da Vitória para ouvi-lo. A visita a Berlim foi o ponto alto da sua turné mundial, sem dúvida um genial golpe de marketing para mostrá-lo como estadista e líder. Esteve no Iraque e defendeu a retirada das tropas americanas num ano e meio; no Afeganistão afirmou a centralidade daquela guerra no combate ao terrorismo; no Médio Oriente, assumiu o compromisso de mediar a paz entre Israel e os palestinos; na Europa, procura “derrubar muros e construir pontes”. A mensagem de Obama foi clara: a de que é um cidadão global, alguém com mentalidade ampla e capaz de liderar os Estados Unidos e o mundo num cenário de instabilidade e de crise.


Apesar da sua curta existência enquanto personalidade mundial, Obama já fez mais pelos Estados Unidos do que a maioria dos anteriores presidentes. Fazendo jus à herança dos Founding Fathers, a América precisava de alguém com este carisma, com esta visão e com esta capacidade de aproximar os povos. Mas Obama fez também, neste curto espaço de tempo, mais pelo mundo e pela paz do que qualquer outra personalidade conseguiu fazer até hoje.

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Deixo o comentário na altura feito pelo jornalista espanhol, Lluís Bassets, do El País, que não pode ser mais ilucidativo:
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"Obama es el presidente que más se parece a América y la América de Obama es la que más se parece al mundo, plural, joven, libre, ambiciosa, luchadora. Sólo este mitin de ayer en Berlín es el mayor acto de relaciones públicas americano de la historia reciente. Obama está restituyendo a Estados Unidos lo que Bush le ha quitado: la estima de quienes aman la libertad en el mundo, el aprecio y la amistad de los europeos".

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