terça-feira, 27 de outubro de 2009

De Volta a Madrid!

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Regressei a Madrid depois de alguns anos de ausência. Visitei esta cidade várias vezes durante a minha actividade profissional anterior, sempre de passagem, sempre com pressa. É verdade também que já lá tinha estado há mais de vinte anos e com propósitos turísticos, por isso mesmo a cidade não é nova para mim.

Mas a Madrid de hoje está diferente, mais eclética e sofisticada. Ocidentalizou-se, abriu-se ao mundo e transformou-se numa cidade cosmopolita, moderna e fashion. Tornou-se também num centro aglutinador de proveniências e origens diferenciadas, um caldo cultural onde predomina alguma mão-de-obra especializada e muito trabalhador indiferenciado proveniente da América Latina e do Brasil.


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A atmosfera old fashion de final dos anos 90 deu lugar a um ambiente efervescente de modernismo, de consumo desenfriado e de crescimento, uma febre de vida sem precedentes no pós-franquismo, apenas amenizada pela crise económica mais recente. Apesar de tudo o panorama urbano agora é outro; mais elitista e mais ocidentalizado, talvez.

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Madrid é a maior cidade espanhola e a terceira maior da União Europeia com 607 km² e três milhões de habitantes. Cidade de cultura, de espectáculos memoráveis, de museus riquíssimos, de catedrais monumentais, de gastronomia, de ruas transbordantes de vida. A cidade move-se freneticamente e as multidões vibrantes deambulam por ruas e ruelas, praças e avenidas. Á noite Madrid fica ainda mais bonita, com as imponentes construções iluminadas, e com um movimento ainda maior nas ruas.
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Nos dias de semana a cidade transborda de pessoas e de automóveis (o trânsito continua caótico e desordenado) mas desta vez, no Sábado, dia 17 de Outubro, a manifestação pró-vida, contra a nova legislação que pretende regulamentar o aborto, reuniu dois milhões de pessoas em marcha contra Zapatero e as suas políticas inconsequentes. Uma manifestação gigantesca de sentimentos e de descontentamento. A Espanha de hoje vive uma crise avassaladora com o desemprego a atingir níveis preocupantes e a economia a continuar anémica e atrofiada. Apesar de tudo, Madrid parece imune, um microclima numa nação gigante que defronta uma das maiores crises económicas dos últimos anos.

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Para quem não conhece, Madrid é a cidade das "Puertas". Na Idade Média, a cidade era cercada por muros, e para entrar e sair havia várias portas. Hoje os muros desapareceram, mas algumas portas foram mantidas, como a Puerta de Alcalá e a Puerta de Toledo. A Puerta del Sol é apenas o nome de uma praça, mas a porta já lá não está. Madrid é, para mim, também a cidade das fachadas, de cores variadas, com formas distintas mas dentro das mesmas linhas, com tijolos ou com ornamentos, com flores ou vidraças.

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Desci a Serrano e passeei pelas grifes do Paseo de la Castellana, subi a Gran Via e aventurei-me nas ruelas da Madrid antiga. Era final de tarde e as ruas estavam movimentadas. São muitos os restaurantes e os bares que colocam mesas na calçada, mas tudo com muita elegância. Madrid lembra uma Buenos Aires mais rica e desenvolvida.

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Deliciei-me a passear pela Calle Cláudio Coello, no chique bairro de Salamanca. Aqui encontram-se algumas das melhores galerias de arte da cidade e foi na Jorge Alcolea que descobri Cristina Blanch e a sua pintura urbano-contemporânea. Realismo, vida e mundaneidade, são aliás os traços desta Madrid dos anos 2000.
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