quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Takashi Murakami - o Warhol Japonês

:
Conheci o trabalho de Takashi Murakami o ano passado, em New York, e fiquei surpreendido com a imaginação, a grandeza, a cor e o movimento das suas obras. Artista multifacetado, capaz de produzir em larga escala, pinturas, esculturas, campanhas publicitárias, obras digitais, utilizando tecnologias inovadoras, tapetes, t-shirts e porta-chaves.

:
Murakami representa a industrialização da arte, a massificação da produção, mantendo elevados níveis de qualidade e preços astronómicos. Ele personifica a ausência de separação entre a “high” e a “low” arte, a utlização de temas populares e “pop culture” para os transformar em objectos, pinturas ou esculturas com significativa capacidade comercial. À semelhança de Damien Hirst, que transformou o mundo artístico com as suas instalações desconcertantes e sumptuosas, Murakami transformou e rejuvenesceu a arte figurativa contemporânea japonesa.
:

Segundo Jeff Howe da revista “WIRED”: “Takashi Murakami is often billed as the next Andy Warhol. Like the American pop art icon, he fuses high and low, pulling imagery from consumer culture to produce visually arresting, highly original work. He is vigorously, ingeniously self-promotional. In the past few years, Murakami has swept across the US and Europe, receiving fawning media attention and exhibiting at big-name museums. But there's a key difference. Warhol took from the low and gave to the high. With ironic detachment, his work - paintings few could afford, films few could understand - appealed to an audience in on the joke. Murakami, on the other hand, takes from the low and gives to the high, the low, and everything in between. He makes paintings, sculptures, videos, T-shirts, key chains, mousepads, plush dolls, cell phone caddies, and, last but not least, $5,000 limited-edition Louis Vuitton handbags. Murakami's work hits all price points”.



A Tate Modern Art, em Londres, inaugura hoje uma exposição colectiva com várias obras de Murakami. “Pop Life: Art in a Material World” faz uma análise à forma como diferentes artistas, em particular desde os anos 80, se têm relacionado com os media, cultivando desta forma, as suas personalidades e criando as suas próprias marcas. Entre os artistas representados encontram-se Tracey Emin, Keith Haring, Damien Hirst, Martin Kippenberger, Jeff Koons, Takashi Murakami e Richard Prince.

A versatilidade e o empreendorismo de Murakami conseguem articular-se magistralmente, contribuindo para que as suas obras sejam, ao mesmo tempo, únicas e variadas, estejam nos mais prestigiados museus e nas mais exclusivas griffes de moda e no mais simples dos telemóveis ou no mais acessível dos brinquedos.

Murakami deve grande parte do seu sucesso à sua empresa “Kaikai Kiki”, um aglomerado de edifícios conhecido como “Hiropon Factory”, um campus nos arredores de Tokyo e um estúdio em Brooklyn, onde ele controla uma equipa de artistas e de assistentes multifacetados, capazes de desenvolver trabalhos especializados e altamente evoluídos tecnologicamente. Ele controla e acompanha os trabalhos desenvolvidos pela sua equipa e assegura a manutenção dos padrões artísticos a que nos habituou.

Apesar da aparente acessibilidade, as suas obras são verdadeiros tesouros artísticos, apenas acessíveis a muito poucos. As pinturas da sua última exposição venderam-se por $250,000 dólares e a sua conhecida escultura – “Mr. Pointy” exposta no Rockefeller Center, foi adquirida pela Christie's por $1.5 milhões de dólares. Como escreveu Jeff Howe, “a remarkable price for factory-produced art”.

Curiosamente ou nem tanto, Takashi Murakami fez parte da lista da “Time Magazine” das 100 pessoas mais influentes no mundo, em 2008. O único artista, neste campo, a ser referenciado.

Sem comentários: