segunda-feira, 26 de outubro de 2009

“Tear Down This Wall”

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Em 12 de Junho de 1987, junto às portas de Brandenburg, O Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, proferiu um dos mais emblemáticos discursos do seu consulado.
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Na sua cruzada pela liberdade e, à semelhança do discurso inesquecível de John Kennedy no mesmo local, Reagan afrontou, uma vez mais, o regime comunista da União Soviética. O discurso focado numa série de iniciativas políticas para enaltecer e reforçar a convicção de que a democracia ocidental constituía a solução ideal para derrubar este muro, teve na expressão "tear down this wall" a sua apoteose.

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A debilidade económica e a agitação social evoluíam a olhos vistos nos países que formavam a União Soviética. A cortina de ferro parecia começar a dar os primeiros sinais de fraqueza. Por trás do manto diáfano da união comunista e da aparente solidez ideológica marxista, a repressão e o controlo da informação, a segregação social e a ausência de liberdade de expressão, o controlo de movimentos e o unanimismo ideológico.
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Reagan veio a Berlin para participar nas comemorações dos 750 anos da cidade e, quando ninguém esperava, dirigiu-se ao Presidente da URSS com as seguintes palavras: “We welcome change and openness; for we believe that freedom and security go together, that the advance of human liberty can only strengthen the cause of world peace. There is one sign the Soviets can make that would be unmistakable, that would advance dramatically the cause of freedom and peace. General Secretary Gorbachev, if you seek peace, if you seek prosperity for the Soviet Union and eastern Europe, if you seek liberalization, come here to this gate. Mr. Gorbachev, open this gate. Mr. Gorbachev, tear down this wall”.


Escutado por muitos milhares de Berlinenses, as suas palavaras funcionaram como um repto de mudança e uma voz de esperança para tantas famílias que aspiravam à liberdade depois de décadas de repressão, controlo e totalitarismo. Reagan veio desferir o golpe de mesiricórdia num regime anémico de pluralismo. Graças a ele, ou apesar da sua ajuda, cerca de dois anos depois, caía o Muro de Berlin. A 9 de Novembro de 1989, depois de 28 anos de existência, o Muro começou finalmente a ser desmantelado.

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Comemora-se, portanto, no próximo mês, vinte anos desde a queda do Muro e o início de uma nova era, o começo de uma sociedade rejuvenescida, uma nova etapa nos desígnios da liberdade.
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O Muro de Berlim começou a ser construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) para circundar toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético.
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Esta barreira de betão patrulhada contínua e ininterruptamente provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas para a atravessar na senda da liberdade.
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(Reagan Library, CA)
Durante 28 anos, de 1961 a 1989, a população de Berlim, mais de três milhões de pessoas, viveu uma experiência ímpar de terror e de perseguição: viu a cidade ser dividida por um imenso muro de vergonha e assistiu em directo às mais degradantes imagens de repressão e de totalitarismo. Uma “esquizofrenia geopolítica” sem precedentes, dividiu famílias e amigos, ruas e bairros em duas partes antagónicas, cada uma delas governada por regimes políticos ideologicamente inimigos e sociologiamente opostos. Esta parede foi durante todos aqueles anos o símbolo da rivalidade entre Leste e Oeste, e sobretudo, um atestado ao fracasso do socialismo real em manter-se como um sistema atraente para a maioria da população alemã e para os deslumbrados marxistas que pululavam um pouco por toda a Europa.

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