terça-feira, 11 de novembro de 2008

“Madison Pita”

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Passei o último fim de semana em Nova York. É sempre um fascínio e uma expectativa imensa voltar a esta cidade. Sorver aquele ambiente, sentir aquela vida, mergulhar naquele movimento, deixarmo-nos contagiar por aquele espírito, aquela vibração, aquela luz e aqueles sons.

Nova York fica a 370 Km de Washington DC, ou seja, uma viagem normal tem uma duração de 4horas e 30 minutos. Aventurei-me a fazer este percurso numa das várias empresas de camionagem que ligam as duas cidades a preços módicos e acessíveis, 25$ dólares para cada lado.

As empresas são geridas por judeus e funcionam numa base de maximização do lucro, minimização do espaço e ausência quase total de custos. O sistema é desorganizado, os autocarros são velhos, os locais de partida não têm condições e funcionam na base do primeiro que chega é o primeiro a ser servido. Uma completa antítese da realidade americana organizada e profissional que encontramos noutros serviços. Fruto deste coktail de condições e do zelo latente do motorista/cobrador nem tive necessidade de pagar a primeira parte da viagem!


Fiz o percurso durante a noite por uma linha de asfalto interminável que várias vezes atravessa cursos de água, pequenos charcos, pântanos e mar imenso. Em muitos locais surge-nos uma paisagem típica da tundra entrelaçada por densos arvoredos coloridos e extensas planícies ainda verdes que nos transportam para os cenários da guerra da Secessão. Passamos nos arredores de cidades grandes como Baltimore e Filadélfia e aproximamo-nos a passos largos da grande metrópole do ocidente.

Nova York é imponente mesmo à distância de um clarão luminoso, é magnifica na sua dimensão, possui uma personalidade própria, um estilo próprio, uma maneira de ser e de estar únicos. Não conheço nenhuma outra cidade assim. Cidade de contrastes, de cores, de gente, de raças. Cidade de fortunas, de consumo, de desperdício. Cidade de lixo, de pobreza e abandono.

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Cidade das "grifes", dos "néons" e dos "outdoors". Nova York está para o Ocidente como o Cairo, Nova Deli ou Tóquio estão para o Oriente, está mergulhada em ruídos constantes e ensurdecedores; buzinas, martelos pneumáticos, sirenes, está envolvida por luzes de cores variadas, está suja e imunda e transborda de multidões.

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Mas Nova York vai mais longe porque transpira liberdade, vai mais longe porque cria oportunidades, vai mais longe porque acolhe todos os que a procuram, vai mais longe porque é optimista e positiva e contagia todos os que aqui chegam, vai mais longe porque promove a realização e incentiva ao empreendorismo, vai mais longe porque nos faz acreditar que é possível.

Um New Yorker com quem falei dizia-me que esta era a melhor altura para visitar a cidade porque o parque estava maravilhoso. De facto, Central Park é uma pepita de luz de uma beleza imensa e com um valor incalculável rodeado de calhaus estruturados e disciplinados. Nova York seria muito diferente sem ele, transmite-lhe paz e serenidade, dá-lhe cor, traz-lhe odores e enche-a de vida. As árvores estão deslumbrantes e funcionam como um oásis no meio do cinzento escuro e dos reflexos envidraçados.

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Para terminar o fim de semana nada melhor do que passear por uma Madison fechada ao público entre as ruas 40th e 56th inundada de emigrantes, vendedores, comerciantes, barracas de comida de todo o mundo. O contraste mais latente, entre prédios esculturais, marcas de prestigio e escritórios da elite financeira, a “chicken pita”, os “kebab”, os “beef gyros”, os “smoked pork”, as gravatas da índia, as roupas da china, as peúgas da Tailândia, as esculturas africanas.

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Por tudo isso Nova York vai mais longe, porque acolhe, porque é genuína, porque é diferente e porque se alimenta do sucesso dos que aqui chegam.

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