Nova York fica a 370 Km de Washington DC, ou seja, uma viagem normal tem uma duração de 4horas e 30 minutos. Aventurei-me a fazer este percurso numa das várias empresas de camionagem que ligam as duas cidades a preços módicos e acessíveis, 25$ dólares para cada lado.
As empresas são geridas por judeus e funcionam numa base de maximização do lucro, minimização do espaço e ausência quase total de custos. O sistema é desorganizado, os autocarros são velhos, os locais de partida não têm condições e funcionam na base do primeiro que chega é o primeiro a ser servido. Uma completa antítese da realidade americana organizada e profissional que encontramos noutros serviços. Fruto deste coktail de condições e do zelo latente do motorista/cobrador nem tive necessidade de pagar a primeira parte da viagem!
Fiz o percurso durante a noite por uma linha de asfalto interminável que várias vezes atravessa cursos de água, pequenos charcos, pântanos e mar imenso. Em muitos locais surge-nos uma paisagem típica da tundra entrelaçada por densos arvoredos coloridos e extensas planícies ainda verdes que nos transportam para os cenários da guerra da Secessão. Passamos nos arredores de cidades grandes como Baltimore e Filadélfia e aproximamo-nos a passos largos da grande metrópole do ocidente.
Nova York é imponente mesmo à distância de um clarão luminoso, é magnifica na sua dimensão, possui uma personalidade própria, um estilo próprio, uma maneira de ser e de estar únicos. Não conheço nenhuma outra cidade assim. Cidade de contrastes, de cores, de gente, de raças. Cidade de fortunas, de consumo, de desperdício. Cidade de lixo, de pobreza e abandono.
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Cidade das "grifes", dos "néons" e dos "outdoors". Nova York está para o Ocidente como o Cairo, Nova Deli ou Tóquio estão para o Oriente, está mergulhada em ruídos constantes e ensurdecedores; buzinas, martelos pneumáticos, sirenes, está envolvida por luzes de cores variadas, está suja e imunda e transborda de multidões.
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Mas Nova York vai mais longe porque transpira liberdade, vai mais longe porque cria oportunidades, vai mais longe porque acolhe todos os que a procuram, vai mais longe porque é optimista e positiva e contagia todos os que aqui chegam, vai mais longe porque promove a realização e incentiva ao empreendorismo, vai mais longe porque nos faz acreditar que é possível.
Um New Yorker com quem falei dizia-me que esta era a melhor altura para visitar a cidade porque o parque estava maravilhoso. De facto, Central Park é uma pepita de luz de uma beleza imensa e com um valor incalculável rodeado de calhaus estruturados e disciplinados. Nova York seria muito diferente sem ele, transmite-lhe paz e serenidade, dá-lhe cor, traz-lhe odores e enche-a de vida. As árvores estão deslumbrantes e funcionam como um oásis no meio do cinzento escuro e dos reflexos envidraçados.
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Para terminar o fim de semana nada melhor do que passear por uma Madison fechada ao público entre as ruas 40th e 56th inundada de emigrantes, vendedores, comerciantes, barracas de comida de todo o mundo. O contraste mais latente, entre prédios esculturais, marcas de prestigio e escritórios da elite financeira, a “chicken pita”, os “kebab”, os “beef gyros”, os “smoked pork”, as gravatas da índia, as roupas da china, as peúgas da Tailândia, as esculturas africanas.
Por tudo isso Nova York vai mais longe, porque acolhe, porque é genuína, porque é diferente e porque se alimenta do sucesso dos que aqui chegam.
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