quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Portugal por um Magalhães!

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A distância e o afastamento ajudam-nos a avaliar os assuntos e a melhor compreender o nosso quotidiano. É salutar mudarmos as nossas rotinas, alterarmos os nossos hábitos, contactarmos com pessoas diferentes, conhecermos estilos de vida novos, formas de estar novas, uma comunicação social diferente, modos de trabalho diferentes, comidas diferentes, roupas diferentes, climas diferentes. A diferença ajuda-nos a valorizar e a apreciar, a definir e a aperfeiçoar os nossos gostos e a melhor perceber o que é realmente essencial para a nossa vida.

Estou há três meses afastado de Portugal, longe da realidade de sempre, da televisão de sempre, dos jornais de sempre, dos jornalistas de sempre, dos políticos de sempre, das pessoas de sempre. Por causa da distância o meu contacto é feito por via cibernaútica, navego pelos nossos jornais e folheio as nossas revistas, não consigo ver televisão portuguesa nem ouvir rádio o que restringe o leque de escolhas e condiciona a mensagem recebida e consequentemente, influencia a minha análise.

Confesso que ver Portugal à distância de um écran me ajuda a compreendê-lo melhor, não necessariamente a apreciá-lo mais, mas acima de tudo a interpretá-lo com maior rigor e a ter vontade de o melhorar, de o alterar e de o aperfeiçoar.
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O Português é um ser especial. Pessimista por natureza, critico inconsequente, alheado da realidade e desfocado do essencial, mediano, medíocre, pequeno, invejoso crónico, amigo da mesmice e da igualdade, não tolera a diferença, derrotista, acomodado. Infelizmente a nossa informação é o espelho desta realidade, ou antes o motor desta indiferença. Senão vejam-se as notícias de hoje que por um acaso resolvo comentar.
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“Portuguesa concorre a melhor rabo do Mundo” (Correio da Manhã); “Ministra da Saúde não sabe valor das dívidas do SNS” (Portugal Diário); “Cada vez mais portugueses consomem droga” (Público); “Portugueses serão menos 700 mil em 2050” (Público); “Relação obriga a rever data da entrega de Esmeralda ao pai” (Diário de Notícias); “Psicólogos atendem cada vez mais polícias” (Diário de Notícias); “Mais agressores e vítimas licenciados” (Diário de Notícias); “Avaliação: Sócrates não recua e defende ministra da Educação” (Portugal Diário); “Carla Matadinho posa em lingerie” (Portugal Diário); “Centenas de computadores Magalhães entregues em Baião” (Diário de Notícias);

A esta distância é com alguma tristeza que leio estas parangonas, é com algum desalento que as interpreto e é sobretudo com uma imensa falta de esperança no futuro que as analiso.

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Infelizmente o que mais me choca é o paladar da mesmice, o sabor acre do consenso, a acomodação, o receio, o controlo, o constrangimento, a ausência de opinião e uma tendência natural para um bafío doentio em redor do poder político instalado.

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