segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Trotsky em New York

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Parece um contra censo, uma impossibilidade ideológica mas efectivamente aconteceu e mais do que isso Trotsky foi um verdadeiro apreciador da cidade. Na sua obra autobiográfica “My Life” publicada em 1930, Léon Trotsky dedica um capítulo inteiro à sua experiência na cidade. Até os ideólogos do comunismo e os combatentes primários do capitalismo se deixam fascinar por esta metrópole!

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“Here I was in New York, city of prose and fantasy, of capitalist automatism, its streets a triumph of cubism, its moral philosophy that of the dollar. New York impressed me tremendously because, more than any other city in the world, it is the fullest expression of our modern age. (…) It would be a gross exaggeration to say that I learned much about New York. I plunged into the affairs of American Socialism too quickly, and I was straightway up to my neck in work for it. The Russian revolution came so soon that I only managed to catch the general life-rhythm of the monster known as New York. I was leaving for Europe, with the feeling of a man who has had only a peep into the foundry in which the fate of man is to be forged. My only consolation was the thought that I might return. Even now I have not given up that hope”.

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Trotsky foi um revolucionário comunista e um dos dirigentes mais importantes da Revolução Russa de 1917. Um gigante do movimento operário ao mesmo nível que Lenine ou Rosa Luxemburgo. Um ideólogo do comunismo e um dos criadores da República Soviética da Rússia. Trotsky foi também o mais internacional dos bolcheviques, esclarecido e interessado, conviveu com artistas e escritores e viajou por vários países, antes e depois da revolução e acabou assassinado no México pela facção Estalinista que entretanto assumira o poder.

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Esteve nos Estados Unidos e foi ai que recebeu a notícia da revolução de Fevereiro, que depôs o Czar e instalou um governo provisório na Rússia. Voltou ao seu país e assumiu um papel activo na organização de trabalhadores e soldados. “No final de 1917, os bolcheviques, liderados por Lenine e Trotsky, deram um golpe de Estado e derrubaram o governo provisório, dando início ao que chamavam de "ditadura do proletariado" e criando uma República Soviética da Rússia. De 1918 a 1921 Trotsky exerceu o cargo de Comissário do Povo para a Guerra, numa Rússia em guerra civil. Ao contrário do que gostam de admitir seus admiradores, foi um militar de linha dura, que não hesitava em usar a violência contra inimigos ou supostos adversários. Esmagou com mão de ferro uma revolta de anarquistas na cidade de Kronstadt em 1921”.

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Foi na leitura do blog “Na Prática a Teoria é Outra - Um Blog sobre Política e Adjacências” de Celso Rocha de Barros, que gosto de acompanhar regularmente, que encontrei este tema. Celso Barros recorda a um internauta comunista que o critica pelo seu fascínio por New York, o deslumbramento de Trotsky sobre a mesma cidade.

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Intelectual brasileiro, doutorado em Sociologia por Oxford, Celso Barros é um estudioso da política brasileira e mundial e através de uma linguagem despudorada, despreconceituosa e com alguma comicidade fala-nos das suas mais variadas experiências. Deixo o link para o post de Celso Barros sobre a sua última viagem a New York: “São coisas como essa que me fazem perceber que eu sou um merda: Nova York”

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