Recordo-me das palavras do Professor José Hermano Saraiva, quando, num dos seus insubstituíveis programas, viajando pelo país, referiu, com aquela sua convicção de conhecimento e experiência feitos, que qualquer português que se prezasse deveria conhecer quatro locais únicos: Guimarães – o berço da nação e uma referência para a nossa história; Sagres – por ter sido o local inspirador desta empresa imensa que nos orgulha como nenhuma outra, os descobrimentos; a Universidade de Coimbra – símbolo da ciência e do saber e uma referência por ser a Universidade que ao longo de mais de 700 anos formou a elite de Portugal e de todos os países de língua portuguesa e, finalmente, o miradouro da Galafura – um dos miradouros mais bonitos de toda a região duriense, o miradouro de S. Leonardo, onde Miguel Torga “mergulhava” no rio e se embrenhava na paisagem magnânima deste “Doiro sublimado”, a quem num dos seus “Diários” chamou de “excesso de natureza”.
Tive oportunidade de o confirmar presencialmente. Uma paisagem arrebatadora, uma cor única, uma profundidade imensa e uma beleza particular. De facto, a par dos Açores, uma das regiões mais bonitas de Portugal que é agora documentada no New York Times, deste fim-de-semana, por Frank Bruni- “Portugal Old, New and Undiscovered”.
Uma viagem pela região do Douro que começa na cidade do Porto. Restaurantes, monumentos, vinhos e pratos típicos. Uma apreciação muito positiva da envolvente, que encontra no Douro o seu ponto alto.
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Aproveito para recordar Torga e os seus poemas maravilhosos. Íntimo da região, deslumbrava-se com a paisagem e tão extraordinariamente a eternizou nos seus escritos.
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“O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta”. (Miguel Torga - Diário XII)
Um artigo interessante que vale a pena ser lido e que nos deve orgulhar, clique aqui.
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