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Em causa estava a decisão de prolongar a cedência de uma base militar ucraniana, no mar Negro, à Rússia, até 2042. A proposta foi aprovada pelos deputados da coligação maioritária de Yanukovich e a oposição não encontrou melhor forma de protestar; bombas de fumo, ovos e tomates serviram de arma de arremesso para os protestos que tiveram o seu ponto alto nas cenas de pugilato entre deputados.
São conhecidas as relações atribuladas entre a Ucrânia e a Rússia, e as constantes tentativas de controlo por parte de Moscovo, que ainda não se habituou a este novo concerto de forças na região e sobretudo ainda não foi capaz de perceber que a Ucrânia é uma país autónomo, independente e com governo próprio.
É certo que a contrapartida desta decisão é a redução em 30% do preço do gás russo e, nos dias que correm, toda a poupança deve ser bem vinda. Mas com o gás mais barato continuará a frota russa que agora poderá permanecer, tranquilamente, mais 25 anos do que o previsto. A independência também tem um preço...
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Não me surpreenderia que, da forma como se encontra o país, uma cena como esta venha a ocorrer no nosso parlamento, mais cedo ou mais tarde. A situação social agrava-se cada dia e o estado das finanças começa a ser crítico; as taxas de juro dispararam, a credibilidade externa do país é péssima, o desemprego não pára de aumentar e a economia jaz inerte e amorfa até ao suspiro final. No entretanto, continuamos com as comissões de inquérito e o desfile de mentirosos e aldrabões que por lá vão passando. As inaugurações mais sinistras continuam a servir para embandeirar em arco e o país parece estar imobilizado no meio de uma linha de alta velocidade à espera que passe o próximo TGV para o trucidar por completo.
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Triste fado o nosso; estarmos condenados à mediocridade, à insignificância, à irrelevância e à incompetência.