quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Bloomberg Ganha New York

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Há cerca de um ano atrás passei uma noite memorável em Washington DC. Assisti em directo à eleição do primeiro afro-americano como Presidente dos Estados Unidos, um feito único na história da maior democracia do mundo. Recordo que chovia copiosamente, mas as ruas estavam apinhadas, os festejos inundaram a capital dos Estados Unidos e a alegria transbordante contagiou toda a gente. Brancos, negros, amarelos, todos numa comunhão de sentir vibraram com este acontecimento único.

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Passado um ano, Obama continua a incendiar multidões, agora com um pouco menos de chama, talvez, continua a cativar e a influenciar o mundo com o seu poder de persuasão e a sua auréola de santidade. De qualquer forma, o tempo passa e começa a tornar-se inevitável sair da zona de conforto que tão habilmente consegue criar à sua volta. Se passar esta provação e souber lidar com a necessidade de tomar decisões difíceis e causar desconforto, será endeusado; caso contrário, dificilmente continuará a usufruir do património de confiança que democratas e republicanos lhe proporcionaram.

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Mas hoje é também um dia de festa para New York e em particular para Michael Bloomberg, eleito para o seu terceiro mandato consecutivo como Mayor da maior cidade dos Estados Unidos. Com um orçamento anual de 60 biliões de dólares, o Mayor de New York tem uma responsabilidade imensa e um poder superior ao de muitos primeiro-ministros e presidentes. Gerir uma cidade com cerca de 10 milhões de habitantes, com a complexidade e a grandeza desta, constitui um desafio gigantesco que tem sido abraçado sem hesitação por este homem multifacetado.
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Michael Bloomberg é um milionário de origem judia, russa e polaca, o oitavo homem mais rico dos Estados Unidos, dono da Bloomberg L:P uma empresa de software financeiro. Democrata, Republicano, independente, Bloomberg é acima de tudo um especialista de relações humanas. Formado em Harvard, tem revelado uma grande proximidade para com Obama, que, apesar de não o apoiar directamente, recusou apoiar publicamente o candidato do seu partido, William Thompson, que ainda assim obteve 46% dos votos.


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A vitória teve uma dimensão bem inferior ao previsto e foi a menor diferença das três vezes que Bloomberg concorreu ao City Hall. As pesquisas apontavam para uma diferença de 12 pontos que não se veio a concretizar. “Thompson conseguiu reduzir esta margem com elevada participação de regiões negras e hispânicas, como o Harlem e o Bronx, onde o democrata é mais popular”.
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Bloomberg comprometeu-se com uma agenda ambiciosa e com medidas polémicas, através das quais pretende tirar os nova-iorquinos da recessão, melhorar a educação e construir casas. Bloomberg, no seu discurso de vitória, falou em inglês e espanhol, não são despiciendos os 2 milhões de hispânicos que habitam na cidade. Admitiu que "esta vitória chega num ano difícil", enviou uma mensagem de confiança aos nova-iorquinos, ao assegurar-lhes que "o melhor está para vir". "Sei que podemos e que faremos. Nossa cidade e nosso país enfrentam tempos difíceis. É a pior recessão em décadas e hoje o povo foi claro e sublinhou que está farto da política de sempre e que quer as coisas feitas. Nos próximos quatro anos faremos com que esta cidade, que já é a mais segura do país, ainda mais segura, haverá criação de emprego e melhorarei o sistema educacional de New York, que já é o melhor de qualquer das grandes cidades do país e plantarei um milhão de árvores", prometeu Bloomberg.
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"New York acolhe pessoas de todas as culturas", disse Bloomberg em espanhol, idioma que aprendeu nos últimos anos e despediu-se com um "aproveitem a noite", também em espanhol.
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Michael Bloomber deve constituir uma referência de isenção e de integridade para muitos representantes políticos de muitos países. Quando chegou ao poder, em 2001, renunciou ao salário do cargo e pelo seu trabalho recebe um simbólico dólar anual. As democracias do mundo necessitam de homens com esta envergadura.

1 comentário:

auxília disse...

Gerir uma cidade com 10 milhões de habitantes, com as mais diversas etnias e culturas, sempre me surpreendeu pelo gigantesco desafio que encerra. Mas, hoje, Bloomberg causa-me mais que surpresa. É com admiração e expectativa que aguardo o cumprimento da sua ambiciosa "carta" de compromissos: mais segurança, mais emprego, mais árvores... mais razões para viver, ou simplesmente visitar NY.Sendo possível tudo a que se compromete, NY continuará a deslumbrar(-me). Quantas das jovens democracias europeias não precisariam de um líder assim...