quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Liberdade de Informação

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A recente visita do Presidente Obama à China teve vários pontos altos, embora, e aparentemente, em termos globais, não se tenha traduzido em avanços significativos, em termos de política e estratégia internacional. Permitiu estreitar as relações entre as duas potências e, acima de tudo, constituiu uma declaração de propósitos e de intenções muito positiva em termos de ambiente, em termos de liberdade de movimentos e em termos de eixo político-militar chino-americano.
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Podia-se ter ido mais longe e acredito que fosse essa a intenção do Presidente Americano. Questões importantes como as tensões comerciais entre os dois países, as discórdias sobre a questão do Tibete ou o problema cada vez mais premente da moeda chinesa foram quase relegadas para segundo plano, face à discussão sobre a pronúncia em mandarim do nome do Presidente, "President Aobama" ou "President Oubama.

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De qualquer forma, registo o “town all meeting” do Presidente com um grupo de estudantes universitários, seleccionados, no “Museum of Science and Technology” de Xangai. Obama respondeu a questões de mais de 400 estudantes sobre temas variados, embora relativamente pacíficos. Curiosamente a pergunta mais pertinente veio do Embaixador Americano para a China, Jon Huntsman, "In a country with 350 million Internet users and 60 million bloggers, do you know of the firewall? And second, should we be able to use Twitter freely?”
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A China, apesar da crescente abertura e da progressiva aproximação a hábitos e posturas ocidentais, mantém um controlo apertado, em termos de liberdade de expressão e circulação da informação. O partido Comunista e os seus sequazes censores impedem o livre acesso a muitos sites, incluindo as redes sociais como o Facebook e o Twitter e sobretudo aos sites de informação ocidentais.
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O Presidente Obama aproveitou a questão para falar sobre liberdade de opinião e a importância do livre circulação de informação. Segundo referiu: “I have never used Twitter. My thumbs are too clumsy to type in things on the phone. But I am a big believer in technology and I'm a big believer in openness when it comes to the flow of information. I think that the more freely information flows, the stronger the society becomes, because then citizens of countries around the world can hold their own governments accountable. They can begin to think for themselves. That generates new ideas. It encourages creativity. I have always been a strong supporter of open Internet use. I'm a big supporter of non-censorship. This is part of the tradition of the United States that I discussed before, and I recognize that different countries have different traditions. I can tell you that in the United States, the fact that we have unrestricted Internet access is a source of strength, and I think it should be encouraged."

Obama acrescentou ainda um ponto relevante e que nos deve ajudar a reflectir: “I think people naturally, when they're in positions of power sometimes think, Oh, how could that person say that about me, or 'That's irresponsible.'…But the truth is that because in the United States information is free, and I have a lot of critics in the United States who can say all kinds of things about me, I actually think that that makes our democracy stronger and it makes me a better leader because it forces me to hear opinions that I don't want to hear. It forces me to examine what I'm doing on a day-to-day basis to see, am I really doing the very best that I could be doing for the people of the United States”.

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Esta resposta é tão mais interessante e pertinente, quanto vivemos actualmente, em Portugal, uma preocupação com as liberdades de expressão e de imprensa, traduzida numa necessidade de o governo controlar a informação e gerir a agenda mediática até á exaustão. Curiosamente, o Presidente Obama teve recentemente uma postura, no mínimo, questionável no caso do Fox Channel, assumindo a sua discordância com a linha informativa deste canal. Surpreendente para um homem com a estatura intelectual do Presidente Obama, mas inofensivo e inconsequente num país onde a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e dos media em geral, constituem uma realidade claramente cimentada e enraizada na sociedade.
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1 comentário:

auxília disse...

Fantásticas, as fotografias deste artigo!