quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Que Podemos Fazer Juntos?

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Os Estados Unidos inauguraram uma nova era nas relações com a China. Hillary Clinton fala-nos, na entrevista que deu a Charlie Rose, do crescimento inevitável, desta que poderá tornar-se, nos próximos anos, na maior potência económica do mundo. Os Chineses têm vindo, paulatinamente, a ocupar uma posição de maior destaque e relevância na cena internacional. O seu “peacefull rise”, o seu crescente ascendente em termos de liderança politica e económica e o facto da China ser o principal credor dos Estados Unidos não são certamente dispiciêndos para que os Estados Unidos queiram enveredar por uma “indepth relation”, como refere Hillary.


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A República Popular da China é o terceiro maior país do mundo em área e o mais populoso do planeta com mais de 1,32 biliões de habitantes que ocupam uma parte considerável da Ásia Oriental. O Partido Comunista da China (PCC) é o mais ortodoxo partido comunista do mundo, governa o país desde 1949 e possui um controlo absoluto sobre o aparelho político, a organização social e o tecido económico.
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A China é na realidade um país multi étnico com diferentes tendências e facções regionais mantidas em pousio através do controlo repressivo do PCC. A dimensão geográfica do país é proporcional à disparidade de riqueza entre as suas classes, sendo que o número de pobres e muito pobres das regiões interiores e das grandes malhas urbanas é abissal.
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Apesar disso, ou graças a isso, a China tem crescido exponencialmente nos últimos anos; explorando a mão obra barata e abundante, apostando em energias ultrapassadas como o carvão, produzindo com margens baixíssimas, diversificando o tipo de produtos, negligenciando nas condições de trabalho e apostando na aparência mais do que na qualidade.
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Nos últimos anos tem-se assistido a um êxodo maciço da população dos campos para as grandes malhas industriais que gravitam em torno das metrópoles. O abandono dos campos e das aldeias tem contribuído para a desertificação de muitas regiões e para uma crise no mundo rural. Esta situação agravou-se com a crise internacional e o evidente excesso de capacidade instalada sobretudo na indústria fez com que muitos camponeses regressassem às suas aldeias de origem, com a agravante de agora estarem desempregados e sem terras para trabalhar.
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Apesar dos efeitos da crise internacional terem contribuído para atenuar o ritmo de crescimento do PIB para um dígito, a China prossegue na sua senda produtiva e de crescimento tendo o governo chinês reagido às dificuldades lançando um ambicioso pacote de aquecimento do consumo que injectou 600 biliões de dólares na economia, com ênfase para a construção civil e para a agricultura.
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De qualquer forma a novidade mais recente é que as enormes mudanças na China não dizem mais respeito só a esse país, mas agora afectam o mundo inteiro, pelo impacto nos processos produtivos globais e pela procura elevadíssima de diversas matérias-primas e combustíveis que promovem.
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Segundo defende Fareed Zakaria no seu fabuloso livro “The Post American World” a ordem internacional dos próximos anos será marcada pela ascensão de potências fora do eixo tradicional EUA-Europa, em virtude da difusão do desenvolvimento económico e da integração bem sucedida de Estados periféricos à economia global e embora Zakaria afirme que os astros emergentes estão em toda parte, inclusive na América Latina e na África, os países que ele realmente destaca são asiáticos: a China e a Índia. E os americanos perceberam bem estes factos e apostaram numa diplomacia inteligente e criativa, mais preocupada em construir e partilhar do que em destruir e controlar.
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