sexta-feira, 8 de maio de 2009

Carlos Carreiro - o Prodígio da Imaginação

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É um orgulho falar sobre Carlos Carreiro e sobre a sua pintura. É aliás sempre um orgulho falar sobre um açoriano ilustre e ainda mais quando falamos de alguém que é primo e amigo. A diferença de idades que nos separa não tem impedido que convivamos de forma despreocupada e divertida.

Falar de Carlos Carreio é falar de uma imaginação prodigiosa, de uma criatividade sem limites, é falar de uma contagiante boa disposição, de um humor refinado, de uma personalidade vincada pela vida.
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O humor e o optimismo são, sem dúvida, algumas das suas qualidades e aparecem, desconcertantemente, na sua pintura; um bode a tocar harpa, um casal de sapos em cópula lasciva, um casal de lulas eróticas, uma casa em forma de avião ou uma barbie a ser pintada a pistola de tinta. Mente brilhante, espírito livre, alheamento total.

Adoro as suas pinturas, os seus desenhos; profundos de luz e de vida, misto de sonhos e de cores, luxuriantes, originais, únicos, inigualáveis. A figuração narrativa da pintura, a mudança de escala dos objectos, o pormenor, o detalhe amiúde chocante e a descoberta de mais uma história, de mais um enredo. Até hoje, nunca encontrei nada similar.


A minha mãe apreciava-o muito, gostava das cores vivas, do imaginário e do chocante, apreciava o humor e a personalidade desbocada. Conheci a sua pintura através dela e de imediato me encantei com os seus quadros. Recordo quando ainda nos Açores e no começo da sua vida de pintor, era eu uma criança, nos visitava na Ribeira Grande para levar de empréstimo alguns exemplares da National Geographic Magazine que meu pai recebia. De facto, muitas das suas pinturas transportam-nos para aí, para um mundo de sonho e de ficção, povoado de seres imaginários e criaturas fantasiosas, densos de imagens e plenos de vida.

Em 1976 formou, com um conjunto de amigos o Grupo Puzzle. Graça Morais, Jaime Silva, Dario Alves, Albuquerque Mendes, Pedro Rocha, Fernando Pinto Coelho, João Dixo e Armando Azevedo integravam este grupo de intervenção rebelde e contestatário que realizou exposições no Porto, em Lisboa, e ainda em França, Brasil e Suécia. O Carlos participou em mais de 300 exposições colectivas, em Portugal e no estrangeiro e realizou mais de 32 exposições individuais. Expôs pela primeira vez em 1967 e foi o mais novo pintor de entre os artistas portugueses que no início dos anos 70 enveredaram por uma arte narrativa. O crítico de arte Fernando Pernes chamou-lhe, em 1973, o "Jeronimus Bosh na sociedade de consumo".



Os seus quadros estão um pouco por todo o mundo; na Fundação Calouste Gulbenkian, na Fundação de Serralves, no Museu Carlos Machado, na Presidência da República, na Assembleia Legislativa dos Açores, na Assembleia da República em Lisboa e na sede do Governo Regional assim como em diversas Secretarias regionais, nos Hospitais da Horta e de Ponta Delgada, no Museu da Horta e no Museu do Nordeste.
Gosto de o visitar e de o observar a pintar, gosto da sua vida despreocupada e da sua dedicação total à pintura e às viagens, admiro a sua capacidade de trabalho e a sua vontade de continuar a criar.

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